Domício Brasiliense
10/04/2014 | As Causas não Importam Somente as Consequências
Grades nas portas e janelas, cercas elétricas, sistemas avançados de segurança e pensamos que estamos protegidos. Preocupamos-nos com os perigos de fora, sem o devido olhar para os que estão dentro.
Acreditamos, talvez por contágio e osmose social, que precisamos estar atentos ao comportamento das pessoas à nossa volta, desenvolvendo relativa esperteza para que possamos antecipar possíveis perigos. Então, tentamos ser hábeis em antecipar eventos que possam nos fazer sofrer. Ao que parece, nunca ventilamos a possibilidade de que nós mesmos é que somos o real perigo. Num olhar treinado para o externo, deixamos de ver a nós mesmos, um latente perigo social.
Pode parecer exagero, mas, em se tratando de ser humano, não somos tão diferentes como pensamos. Se, por um lado os eventos da vida contribuem para nos tornar o que somos com as diferenças que percebemos uns nos outros, por outro nos aproxima mais ainda através das semelhanças emocionais e comportamentais. Desta forma, o que difere uma pessoa adequada de uma não tão adequada às regras sociais é um pequeno passo que pode ser dado por qualquer um de nós, dependendo do evento a que seja exposto.
Numa cegueira coletiva, parece que optamos por não enxergar as causas, tanto para os nossos problemas pessoais quanto para os sociais. Então, desenvolvemos a síndrome da culpa alheia, atribuindo todas as nossas frustrações como causadoras do tipo de pai, mãe e família que tivemos, a cidade onde crescemos, a escola que estudamos ou a um namorado ou namorada que nos traiu. Sempre são “eles” os culpados e, por isto tentamos nos vacinar contra esse tipo de gente, acreditando que assim teremos paz. Por conseguinte, investimos em grades para que nos protejam dos perigos que estão lá fora, abrindo mão da nossa cumplicidade, pois o que existe lá fora também habita em cada um de nós.
Todos têm um lado mais obscuro, talvez não tão explorado e conhecido, mas é preciso que saibamos da sua existência para que descubramos que há muito mais em comum entre todos os homens da terra do que possamos imaginar. As grades e sistemas de segurança são um alerta para a forma como estamos vendo e compreendendo a vida. Da mesma forma, o valor demasiado a estética corporal e um imenso currículo e exacerbação ao valor material não nos protegerão de quem realmente somos e como nos sentimos.
Se, não mudarmos nossa forma de viver e coexistir não haverá grades e artifícios corporais suficientemente capazes de deter esse perigo que se aproxima: tristeza, solidão, angústia, ansiedade e depressão.
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