Roberto Henry Ebelt
23/08/2013 | Better late than never & translations.
O provérbio "better late than never" equivale a "antes tarde do que nunca". A sua tradução literal (ruim) é "melhor tarde do que nunca".
As traduções literais (ipsis literis)* sempre perdem para as traduções literárias (ou livres).
Quando alguém está lendo um texto em português e se depara com uma palavra, sigla ou abreviação em inglês, geralmente o leitor quer saber o significado da palavra, sigla, ou expressão. Quando se trata de uma palavra apenas, não há problema, mesmo que a palavra tenha mais de um significado, pois o leitor quer saber o significado da palavra naquele exato contexto.
A coisa fica mais complicada quando se trata de explicar uma expressão, sigla, provérbio ou ditado popular. O que se espera é que aquele que se propõe a explicar o que não está claro sempre faça uma tradução compreensível. Uma tradução compreensível precisa ser uma tradução literária, jamais uma tradução literal. E a razão é que uma tradução literal pode complicar o entendimento em vez de facilitá-lo. Assim sendo, quando você se deparar com a expressão "em tradução livre" entenda que isso significa tradução literária.
*Ipsis litteris é uma expressão de origem latina que significa "pelas mesmas letras", "literalmente". Pode-se também utilizar uma expressão de mesmo significado, ipsis verbis, que quer dizer "pelas mesmas palavras".
Para que serve a tradução literal? Via de regra ela tem razões didáticas, para que o aluno aprenda o significado isolado de cada uma das palavras da expressão em pauta.
Bons exemplos ocorrem com provérbios. Veja o nosso sapientíssimo "não conte com o ovo no c.. da galinha".
Em inglês você diria: "do not count your chickens before they are hatched".
A tradução literal deste provérbio seria: não conte os seus pintinhos antes de eles estarem eclodidos (a tradução literal geralmente é ruim, por isso, evite-a sempre).
Esse texto não faria jus ao seu título se não mencionasse o problema das traduções comerciais que, via de regra, impõem uma tarefa ao tradutor que o redator do texto em português nem imagina que possa existir: entender corretamente o, geralmente mal redigido, texto a ser traduzido.
Conselho: se você tiver algum texto que precise ser traduzido para outro idioma, verifique cuidadosamente se ele está bem redigido, pois comunicação escrita é muito diferente de comunicação oral. A comunicação escrita é uma rua de mão única; você não tem feedback imediato, o que propicia a ocorrência de mal-entendidos.
Outro conselho: depois de redigir o texto, deixe para o dia seguinte a verificação do mesmo. Ou entregue-o para outra pessoa, de outra área de atuação, para verificar se o que você escreveu pode ser entendido sem criar dúvidas. Se a outra pessoa entender, tudo bem. Só então entregue o texto para o tradutor.
A função do tradutor jamais deveria incluir a interpretação do texto que ele vai traduzir. Interpretar é uma coisa; traduzir é outra. Entregue para tradução apenas textos claros e que não deixem dúvidas quanto ao seu significado.
Como o maior interesse na área de traduções está relacionado com a língua inglesa, o ideal é que o redator do texto a ser traduzido tenha sólidos conhecimentos de inglês para evitar frases dúbias em português que poderão gerar traduções incorretas.
Terminando: lembre-se que quem não fala (e redige) inglês no século 21, em termos profissionais, é um analfabeto funcional. E para os mais velhos, lembro que nunca é tarde para aprender inglês. Além de ser uma atividade muito interessante, aprender um idioma estrangeiro ajuda a espantar o fantasma da doença de Alzheimer.
Have an excellent weekend.
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