Mafalda Orlandini
11/02/2013 | A Paineira
A Zona Sul é bonita e agradável pela quantidade de árvores que espalham sombra em suas calçadas. São jacarandás, ipês, paineiras, figueiras, etc. Algumas, até centenárias, fazem a alegria dos pássaros e o orgulho dos moradores do bairro. Às vezes, até podemos colher pitangas nas calçadas.
Ao lado de meu prédio existe um terreno baldio com muita vegetação e lixo. Ou melhor, existia. Há dois anos, ouviu-se dizer que iriam fazer um prédio ali. Vieram, lembro-me bem, dois homens e uma mulher com uma motosserra. Foi tudo muito rápido: destruíram toda a vegetação, menos uma majestosa paineira de uns vinte metros de altura. Pensei: a paineira se salvou.
O tempo foi passando. A paineira não floresceu na estação. As folhas foram caindo e os pássaros não me acordaram mais de madrugada. Eu não via mais, durante o dia, os bem-te-vis, os sabiás e, as pombinhas brincarem nos seus galhos. Claro, não deu mais painas também. Os seus galhos secaram. Cada temporal ou ventania quebra-lhe alguns galhos. O tronco de vinte metros de altura ainda resiste, mas não vai aguentar por muito tempo. Está se vergando. Quando os temporais fizerem uns estragos por aí, com certeza, os bombeiros ou a CEEE virão recolher os seus restos mortais. Pode ser que no seu derradeiro suspiro ainda se vingue e caia em cima do muro ou atinja um canil que restou no terreno .
Muitas vezes olho para seu esqueleto e me pergunto: Será que morreu de desgosto ao ver suas companheiras degoladas ou foi lentamente assassinada?
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