Mafalda Orlandini
09/12/2013 | Neuzinha e Enilda
Solidariedade é a palavra que lembra sempre Neuza Costa e Enilda Bemfica. São duas professoras de Português que eu conheci na PUC no primeiro Vestibular em que a redação passou a ser exigida novamente. Eu trabalhava no Colégio Rosário e fui convidada, assim como outros professores, para fazer parte da banca. Então conheci a Neuza e a Enilda.
A Neuzinha sabia bem do minguado salário dos colegas e como era bom quando conseguíamos um “bico”. Ela foi logo fazendo uma lista dos nomes e dos telefones dos corretores de redação. Tinha paciência para fazer uma verdadeira garimpagem de oportunidades de trabalho nos estabelecimentos de ensino e convidava a todos para participarem. Telefonava para cada um dos amigos e orientava sobre as datas de inscrição. Quando ela era a coordenadora de alguma seleção, como era no Supletivo da SEC, ela mesma fazia o convite. Assim é que somos colegas há mais de trinta anos. Corrigimos redações na PUC, na FEEVALE, na SEC, na FAURGS, no Universitário.
A primeira vez em que a Neuza me convidou foi para um Supletivo. A correção era naquele prédio antigo da SEC que depois foi condenado e a Secretaria foi para um prédio. mais moderno. O tema escolhido para os candidatos era, naquela ocasião, “como vejo a velhice”. Nunca pensei que alguns jovens vissem seus pais e avós daquele modo. A maioria falava deles com desprezo. São chatos, são implicantes, não querem trabalhar. Alguns afirmavam que preferiam morrer a chegar à velhice. E diziam mais: quando as pessoas chegam aos quarenta, só atrapalham a vida da gente. Terminamos a correção com a impressão de que muitos jovens não conheciam os idosos, que não os respeitavam e que nós todas éramos umas velhas inúteis porque todas tínhamos mais de quarenta anos. Hoje, felizmente, percebo que esse conceito já mudou.
Fizemos comentários entre nós, sugerindo que fosse escolhido um tema mais popular, mais otimista como, por exemplo, uma festa popular ou o acontecimento mais feliz da minha vida. Parece que nos ouviram e o próximo tema foi: “Uma Festa Popular”. Foi um festival de alegria: GRENAL, Carnaval, São João, Festa de Navegantes e outros eventos . “É disso que o povo gosta”, como se costuma dizer .Encerramos nosso trabalho no maior astral. Como era mês de junho ou julho, a Neuzinha providenciou as guloseimas da época, balões e bandeirinhas. Fizemos uma festa junina em um encerramento divertido e inesquecível.
A Enilda assumiu a coordenação da cadeira de Português do Universitário e, como ela precisava de corretores, contratou-nos. Formávamos uma equipe de mais ou menos vinte professores que trabalharam muitos anos sob a coordenação da excelente professora de Língua Portuguesa, que ela é. Sempre nos ajudava nas dúvidas e nos corrigia com respeito, quando nos enganávamos.
O convívio de anos com as colegas Neuza e Enilda, oportunizou conhecê-las e admirá-las. Sempre solidárias nas dificuldades da vida, ou dúvidas da Língua Portuguesa. Hoje aposentadas, ainda nos comunicamos frequentemente. A Neuzinha chegou a dormir encolhida num sofá de dois lugares quando fiquei doente e ninguém ainda sabia que eu precisava de ajuda. A Enilda sempre procura trabalhos voluntários para doar o que sabe aos que necessitam aprender. Ela trabalha atualmente no Projeto Pescar que é referência nacional. Tenho muito orgulho de ser amiga e ter convivido com essas mestras por vocação, exemplos de solidariedade, que espalham bondade e saber por onde andam. O mais interessante é o modo como elas agem, com simplicidade, sem alarde, sem entrar na privacidade das pessoas, sem pedir algo em troca. Elas nem imaginam que são verdadeiros “Anjos da Solidariedade”.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador