Mafalda Orlandini
27/01/2014 | Uma casa pequeninha, mas nem tanto.
Nossa casa da praia não podia ser menor. Tinha um dormitório, uma sala de bom tamanho, uma cozinha e um banheiro minúsculos. Para disfarçar seu tamanho, havia um puxadinho ligado a casa onde se podia armar uma rede. Nos fundos do terreno, que era bem grande, havia um enorme galpão de madeira que servia de garagem e para as crianças brincarem nos dias de chuva. Apoiada nessa construção, meu marido improvisou uma churrasqueira e um galinheiro para as galinhas caipiras que costumávamos comprar na viagem.
Não sei como, mas em nossa casa sempre havia lugar para alguns hóspedes. Talvez por que éramos jovens, nos acomodávamos de qualquer maneira e tudo era farra. Sempre eram casais com filhos e assim havia companhia para toda a família.
Os primeiros foram o Ildo, a Odete e as duas filhas. Gostaram tanto que, com a parceria dos sogros ou pais, compraram um terreno e fizeram uma casa na parte nova do Imbé. A comadre Lola e o Carlos vieram logo depois com os filhos. Tínhamos prazer de convidar amigos e parentes e exibir nossa tão sonhada aquisição. Realmente, sempre aceitavam o convite e muitos não conheciam o mar, pois não era tão comum passar o verão no litoral. O diretor da escola em que meu marido trabalhava veio com a mulher e a filha de dois anos. O tio Roberto, quando veio com a tia Irene, até fez um banquinho que deixou como lembrança de seus dotes artesanais. A tia Aracy já estava viúva, veio com a única filha e divertiu a todos com as anedotas pornográficas que gostava de contar.
Tia Aracy Voges
Uma visita que nos divertiu e deu muito prazer foi a da família Gennari, paulistas que foram nossos vizinhos em São Paulo. Uma noite, enquanto estavam lá, uns safados penetraram no galinheiro improvisado e roubaram nossas cinco galinhas. Contei para toda a vizinhança que nós tínhamos sido furtados, coisa incomum naqueles anos no Imbé. Toda vizinhança comentava que agora teríamos que nos proteger dos ladrões de galinha. Não demorou muito e o amigo Fauri nos convidou e aos paulistas, para uma galinhada. Durante o almoço, bebendo cerveja, nos contaram que as galinhas eram as furtadas do nosso galinheiro. Tudo fora orquestrado pelo Gennari. Brincadeiras à parte, nos devolveram as galinhas porque ia dar muito trabalho para matar e limpar. Compraram outras no açougue para assar.
Nossos verões eram divertidos, movimentados pelo calor dos inúmeros amigos e parentes. Sempre havia o famoso churrasco, a galinhada (a gente ainda não falava galeto), a tainha assada, a caipirinha, a cachaça com butiá. Claro, também a curtição do mar. E a casa pequenina ficava espaçosa que conseguia abrigar um batalhão.
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