Mafalda Orlandini
20/10/2014 | Encontro de formandas do Bom Conselho
Tenho-me ocupado em relembrar os muitos grupos de colegas e amigas da minha “longa” vida. É um modo de me distrair, enquanto não posso borboletear por aí. Tenho comigo muitas fotos do último ano do curso ginasial no Bom Conselho, clicadas em 1946. No último ano, sempre que fosse possível, passávamos tirando fotos com a minha inesquecível “caixinha preta”, marca Agfa.
Uniformizadas para a aula de Educação Física com o professor Black.
Com a professora Carmem Santos, inspiradora de meu gosto pela Língua Portuguesa.
Naquele tempo, era considerado de grande importância terminar o curso ginasial. Diria até que significava status. A maioria das moças não continuava os estudos, então, era uma formatura solene, discursos, festas, vestido longo, baile de formatura. Quem precisava se sustentar pelo trabalho, tinha agora um “diploma” e ia em busca de um emprego. Para melhor se qualificar, fazia um curso de datilografia. A maioria das jovens, orientadas pelos pais, pensava em arrumar um marido e fazer um belo enxoval, de preferência, com peças confeccionadas sob orientação das mães, bordadeiras e modistas. Após os casamentos, começavam as comadres a perguntar quando ia chegar o primeiro bebê. Isso era o mais comum acontecer na minha geração. E assim foi minha história bem como mandava biografia de uma boa e prendada moça.
Registro da festa de formatura, com o traje de gala, junto ao piano.
Passaram–se anos e minha vida teve muitos outros interesses e atividades. Mas havia uma notícia, que aparecia de tempos em tempos nos jornais, e me chamava sempre a atenção: chá de comemoração dos cinquenta anos das formandas do curso ginasial do Colégio Bom Conselho. Eu fazia a conta e imaginava. O meu seria em 1996. Eu e minhas colegas estaríamos próximo dos setenta anos, senhoras de família, irreconhecíveis, envelhecidas.
Pois é. O tempo passou célere e, um belo dia, uma ex-colega (acho que foi a Inge Fuhrmeister) me telefonou dizendo que havia sido incumbida de me convocar. Ela me convenceu e me contou que era uma irmãzinha que listava e convidava as que conseguia contatar para localizar as outras. Eu poderia, enfim, matar a curiosidade sobre o bendito encontro que seria no Clube Caixeiros Viajantes.
O meu Grupo com a irmãzinha franciscana que organizava os chás (1996).
Passei uma manhã procurando no computador se encontrava mais informações sobre esses chás. Por exemplo, qual era o nome da irmã que fazia essa tarefa. Não encontrei nada, nem descobri se ainda o fazem. Só sei que foi bom e divertido encontrar as colegas de um tempo tão distante. Assuntos não faltaram No primeiro momento, pareciam pessoas estranhas que eu passaria por elas nas ruas sem reconhecê-las. Entretanto, quando nos aproximávamos e dizíamos cada uma o seu nome, eu voltava a ver diante de meus olhos aquela menina de 1946.
Da esquerda para a direita: Inge Fuhrmeister, Lilian Wild, eu, Melisande Fortes e Maria Coelho.
Hoje, 68 anos depois, examinando meu álbum de recordações, com suas fotos e poemas escritos com carinho, elas ainda me são familiares. Olho seus nomes e consigo lembrar o jeito de agir de cada uma. Cúmplices, carinhosas, reservadas, tímidas, atrevidas ou alegres e brincalhonas; umas mais amigas, outras apenas colegas, afinal, o modo de ser de cada uma se perpetuou no meu coração de adolescente.
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