Mafalda Orlandini
20/02/2017 | Vivendo no Limite
Esta crônica, cada um vai interpretar conforme sua sensibilidade. Pode rir, chorar, lamentar ou, simplesmente, avaliar as artimanhas de uma professora aposentada, viúva, (com mais uma pensão do INSS) que precisa fazer um projeto para ajustar-se à crise e sobreviver por mais um ano.
Quando a crise chegou ao pico, eu fiz tudo que manda o bom senso: economia de luz, gás, lazer, nada de compras parceladas. Só prioridades absolutas. Assim mesmo, era preciso fazer ginástica para não entrar no vermelho. Daí o governador “precisou” parcelar os salários. Aos 87 anos, eu nunca paguei qualquer conta em atraso. Se houvesse um imprevisto, eu iria pirar. Pedir empréstimo, nem pensar. O piso do Magistério não estava mais no fim do túnel e passou a ser utopia.
Caminhando no jardim do meu prédio.
Sou muito atenta ao que recomendam os especialistas em finanças e fiquei, durante dias, examinando minha lista de despesas. Por mais que procurasse, não encontrava nenhuma conta que pudesse “deletar”. Entre as opções possíveis, só poderia tentar três: desapegue, negocie, compartilhe.
Vejamos o primeiro: desapegue. O meu carro doei ao meu neto que foi e é sempre meu motorista nas horas em que precisei e preciso. Não posso doar meu apartamento que não terei onde morar. Minhas joias doei-as todas para a ala feminina da família, quando pensei que já ia para o andar de cima. Só resta me desfazer de um prazer que me fazia muito feliz. Gastar todo o meu Décimo Terceiro em presentes de Natal para a família. Foi só explicar para todos, que me deram razão. Livrei-me da angústia de esperar algo que acabou não vindo (o 13°).
Vamos ao segundo: negocie. Voltando à lista, analisei um seguro que pagava há mais de vinte anos para meus dois filhos. Era ridículo eu pagar 520 reais por mês por um seguro de 20.000 que dividiriam em dois para sumir em gastos de um mês. Passei a mão no telefone e disquei para a seguradora: quero cancelar um seguro. Surpresa. O corretor deu-me razão e disse que o cálculo estava errado e era pena cancelar um seguro que pagava há mais de vinte anos. Baixou a mensalidade em 300 reais e subiu o valor do Prêmio. Pedi um tempo para pensar, verificar se o desconto iria aparecer no banco. Agora só falta receber uma apólice atualizada.
Entusiasmei-me. Vou negociar com as minhas acompanhantes. Expliquei que, como estava melhor, gostaria de ficar duas tardes sozinha e propus redução de horas. Surpresa novamente: as duas concordaram com a redução de valores porque acharam justo na atual situação econômica.
Mas ainda não acabou. Recebi uma oferta da GVT propondo uma mensalidade 100 reais menos do que a NET que eu insistia em não trocar. Aceitei na hora.
Compartilhar: para mim, é motivo de prazer. Mas compartilhar o quê? Já compartilho as assinaturas de meus jornais (ZH e Correio do Povo). Reservo o Casa & Cia para uma pessoa que gosta do tema, e mando alcançar o caderno de Carros e Motos para o Beto (meu vizinho) que adora a gentileza. Pronto. Já sei. Vou ampliar esse compartilhamento. Tenho duas pessoas da família que adoram cruzadinhas e, sempre que têm oportunidade, costumam preenchê-las. Passei a cortar as folhas, dobrá-las simetricamente, colocá-las em uma pasta. Uma pasta para as do Correio e outra para as de ZH. Parece brincadeira de criança, mas eu passei a ter um compromisso que me diverte, elas adoram a brincadeira e minha fisioterapeuta aprovou meus exercícios (corte e dobradura) que fazem muito bem para minha artrite e dão mais forças às minhas mãos
Foto com o Jean e Daiana.
Há, no entanto, uma duplinha que eu não posso dispensar: os meus carinhosos e competentes fisioterapeutas, Daiana e Jean. É uma questão de saúde, profissionalismo e amor. Há atitudes que para uns é ruim e para outros é boa. O governador, sem querer, deu-me um presente de Natal. Ele decidiu parcelar o 13º em 12 parcelas. Maravilha!!! Evitou que eu gastasse tudo em presentes para terceiros e garantiu os honorários da minha dupla amada pelo ano de 2017. Obrigada, muito obrigada. O meu projeto emergencial vai-me garantir viver, ainda que no limite, mas com menos estresse.
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