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Mafalda Orlandini
11/03/2013 | Nunca é tarde
Minha nora, Kathia Sussella, me enviou uma crônica de Fátima Ali: A Reforma da Casa. Disse que servia para mim que havia enfrentado a do meu apartamento; poeira, frio, contratempos, mas não desistira “De repente, não mais que de repente,” decidi responder para ela o que estava pensando naquele momento: “Adoro crônicas. Sempre desejei ser cronista, mas acabei sendo apenas professora de Português. Veja como é fácil fazer uma minicrônica com o que eu estou pensando agora.”
Tenho um relógio antigo, de quase cem anos. Foi presente de casamento de meus avós para meus pais. Meu avô era relojoeiro. Olhei para o relógio e pensei que só ele não queria me fazer feliz. Reformara, pintara o apartamento, lavara os estofados, consertara tudo e ele não queria andar.
Um desastrado o havia derrubado da parede. Bateu nele enquanto usava a churrasqueira. Claro que mandei consertá-lo em um especialista de antiguidades. Voltou e trabalhou um dia. Depois não houve jeito. Achávamos que estava fora do prumo. Um mexia daqui, outro dali e nada. Estava meditando e olhando para ele, quando ele me mandou uma mensagem telepática: Como é que querem que eu dê sinal de vida, se não me dão corda?
Pedi a minha acompanhante que me ajudasse. Fui até ele e dei corda do outro lado, no da direita. Iniciou seu cadenciado tique-taque, acertei as horas e ele não parou mais. Desde então ele bate de meia em meia hora suas alegres e saudosas badaladas. Estávamos fazendo tudo errado, dando corda apenas para badalar. Desde então, olho para meu amigo relógio e fico pensando: será que os objetos antigos, que passam de pais para filhos, ficam com o espírito dos antigos donos?
Minha nora achou que eu levava jeito. É claro que não vou conquistar milhares de leitores como um Scliar, um Veríssimo, um Santana, uma Martha Medeiros e tantos outros que admiro desde criança. O que eu sei é que estou realizando um sonho que esteve sempre adormecido no íntimo do meu coração e que eu não tinha tempo de ver que existia. Uma verdade verdadeira é que, realmente, nunca é tarde para fazer aquilo que dá prazer ainda que precise de um empurrãozinho.
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