Mafalda Orlandini
02/04/2018 | Amigos Para Sempre
Não, não é sobre a canção que os três tenores, Plácido Domingo, Pavarotti e José Carreras, costumavam cantar juntos após a Copa de 1990 que eu quero falar. Eles fizeram sucesso na época e emocionaram multidões com seus concertos populares. Eu quero falar sobre amizade e um encontro de amigos de infância. Essa amizade, sim, é para sempre.
Na semana passada, recebi o telefonema de um amigo de infância, dizendo que havia escrito um livro e que desejava entregar-me um. Ele é advogado, e sei que escreve sobre assuntos pertinentes à sua profissão e nos comunicamos há alguns anos pelo Facebook.
Nós nos conhecemos aos sete ou oito anos. Fomos vizinhos e companheiros de um grupo durante toda a adolescência, mais ou menos 12 anos. A turma se formou ao natural na última quadra da rua Rio Visconde do Rio Branco que começa na Avenida Farrapos e terminava no morro Ricaldone.
Posso dizer que a sede do Clube era em minha casa. No fundo do terreno havia uma ampla garagem e mais três peças. Ah, ia me esquecendo do galinheiro em que ficavam as penosas condenadas a morrer nos almoços de domingo. Pois era ali que funcionava nosso clubinho, sem nome registrado ou regras, apenas amizade e respeito.
Meus pais davam apoio irrestrito para nossos amigos, depois das manhãs nas escolas, passarem as tardes ali e forneciam de bom grado o material para diversão: mesa de pingue-pongue, mesa para jogo de botão e outros que não lembro o nome. Sei que havia soldadinhos de chumbo, bolinhas de gude. cinco-marias e coleções de gibis para quem quisesse ler. Os garotos organizaram um time de futebol e costumavam jogar pelos terrenos baldios da redondeza.
Quando chegou o tempo “das reuniões dançantes”, meus pais mandaram fazer um tablado de madeira para colocar em cima das lajes do pátio, autorizaram a compra de um toca-discos e discos. Estava feita a festa.
Fachada da Casa da Visconde onde funcionava nosso clubinho na década de 1940. Essa foto foi tirada em 2014 ao lado do atual proprietário, Dr. Oscar Miguel.
Mas eu quero contar como foi o reencontro com um casal de amigos daquele tempo depois de muiiitos anos. Eu me lembro que foram ao meu casamento (1951) como namorados. Ao chegarem, nos abraçamos dando risadas como se nosso último contato tivesse sido ontem. O momento inicial foi de perguntas e atualizações sobre a família e outros da turma. O que cada um sabia sobre esse ou aquele. Não levou mais que uns minutos para o Luiz vir bem próximo de mim para mostrar fotos de seus familiares no celular. Eu disse para Lieselotte aproximar sua cadeira e ficamos os três juntinhos, trocando imagens e detalhes da vida de nossas famílias. Parecíamos crianças curtindo um brinquedo fabuloso. Não sei quanto tempo durou, mas foi um momento mágico, prazeroso.
Em um dado momento perguntei se aceitariam um cafezinho ao que Lieselotte respondeu que era isso que ela queria. Seu cafezinho do dia. Então, nos juntamos à mesa e degustamos um cafezinho muito especial e um delicioso bolinho Seven Boys. Foi assim que me pareceu porque eu estava feliz.
Para encerrar, tenho a dizer que receber amigos de infância é a emoção mais gostosa do mundo. Aquele cafezinho e aquele bolinho trouxeram um calor amigo, uma alegria de verificar que existem pessoas que pensam como nós, que amam a simplicidade, curtem a vida, valorizam a amizade e a família acima de tudo.
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