Mafalda Orlandini
16/11/2015 | O Futuro a Perigo
Diariamente, tomamos conhecimento de catástrofes que ocorrem no mundo inteiro. Graças à globalização, somos informados, quase instantaneamente, sobre o que ocorreu em outro extremo do mundo com fotos e detalhes de testemunhas oculares. Ora é um ato terrorista, ora é uma manifestação de fúria da natureza. Há sempre muito sofrimento, mortos, feridos e a procura de explicações ou prováveis culpados.
Não vou abordar as violências do terrorismo, nem os crimes de roubos e assaltos tão comuns hoje. Quero fazer uma reflexão sobre a violência de fenômenos aparentemente inevitáveis da natureza e a mudança do clima no mundo. Ambientalistas advertem há muitas décadas, mas os governos e o povo fazem ouvidos moucos. Li um artigo do jornalista e escritor Flávio Tavares logo após o terrível temporal que atingiu a região da grande Porto Alegre há algumas semanas. Ele resume em seu texto e em uma frase exatamente o que eu penso: “Temperatura e clima não são dádiva ou fúria divina, mas também são obra nossa”. (ZH-18/10/2015)
Nível do Guaíba atinge maior marca em 74 anos
Não precisamos ir longe, basta examinar as zonas que foram invadidas pelas águas do Guaíba. São as ilhas ou áreas de risco onde não deveriam construir moradias, são áreas que foram tomadas ao rio, como o centro da cidade Porto Alegre ou de Canoas, ou até moradias em terrenos loteados por imobiliárias em terrenos baixos mas sem estruturas necessárias. Enquanto houver um descontrole sobre as áreas de ocupação, não teremos uma solução plausível, rápida e barata para os primeiros socorros das vítimas. Então a culpa é da chuva em excesso?
A enchente de 1941 que tomou o cnetro de Porto Alegre.
Embora pareça inútil, é preciso discutir um assunto: a destinação do lixo, o seu descarte e a educação do povo. Os meios de comunicação e os professores nas escolas ensinam diariamente como o lixo deve ser descartado, mas muitos continuam indiferentes. E o povo faz mais lixo do que as empresas de limpeza possam recolher, largam em qualquer lugar e as ruas ficam atulhadas. Os bueiros ficam obstruídos e o escoamento que deveria ser natural fica prejudicado. É pura falta de educação. E o povo chora e reclama. De quem?
Sacos de areia foram colocados junto a comporta no Cais Mauá para evitar a passagem de água do Guaíba (2015)
Os gestores sabem que é preciso adquirir geradores para evitar o colapso nas bombas que empurram o excesso de água do centro da cidade para o Guaíba. A Defesa Civil não tem pessoal nem recursos suficientes para socorrer os flagelados e aí entram os que “quebram o galho”, graças a Deus. E as tragédias anunciadas vão mostrar-nos por muito tempo um filme que já cansamos de ver.
O Muro da Mauá em Porto Alegre, por muitos criticado e até odiado, é nossa "linha de defesa" contra a fúria da natureza.
No início do ano disseram que uma enchente no Guaíba como aquela de 1941 e de agora só poderia acontecer daqui a 2.000 anos. Só que a previsão não incluía a poluição e a destruição do meio ambiente que o próprio homem faz. Será que vamos aprender as lições que as frequentes tragédias têm-nos ensinado? Tudo bem. Não vou estar mais aqui em 4.015.
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