Mafalda Orlandini
26/08/2013 | Sílvio, Eliseu, Guido e Roberto Orlandini
No final do século XIX e início do século XX, com o início da imigração para os estados do Sul, italianos e alemães trouxeram seus hábitos alimentares. Além da tradição gaúcha na criação de suínos, a existência de 22 frigoríficos espalhados por todo o estado, deu ensejo ao desenvolvimento da Suinocultura. Esses dados eu encontrei em duas folhas de uma revista da Suinocultura (02/1936) que meu pai não rasgou. Sim por que meu pai, dois ou três anos antes de falecer, rasgou quase todos os papéis que tinha em casa. Salvaram-se essas folhas e duas fotos
Agora, ao querer escrever sobre o Frigorífico, só tenho a minha memória. Sei que o nome era Indústrias Reunidas Orlandini S/A (IROSA) porque se juntara a outros frigoríficos da região (de Dois Lajeados, de Arroio do meio, de Lajeado, de Bom Retiro, etc.). Lembro que o nome fantasia era Frigorífico Rola, uma pombinha, símbolo que ficou conhecido como dos produtos do frigorífico: salames, banha, linguiça em lata, presunto, copa, paio, etc... Naquele tempo a banha era mais usada que o óleo de cozinha e vendia muito bem. Em Roca Sales, muitas mulheres costumavam colar os pacotes para embalar a banha. Eu vi uma tia fazendo esse trabalho em casa. Muitas famílias faziam isso para aumentar a renda familiar.
Sala de elaboração
O presunto e a copa eram conhecidos por serem especiais e vendidos nos maiores mercados do país: Rio, São Paulo, Porto Alegre e Nordeste. Houve um tempo em que se associaram à Família Arnt de Taquari, usavam três “gasolinas’ ou vapores (a Capital, a DiTa e a Eliseu) que transportavam os produtos pelo Rio Taquari, Jacuí e Guaíba até o cais Mauá (armazéns C3 e C4) em Porto Alegre. Aliás o escritório da empresa era na Avenida Mauá, número 1653, fone 7521, para facilitar o controle dos embarques
Sala de Embalagem e expedição de salames.
Sei também que eram tantos os frigoríficos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul que faltaram porcos para o abate. O frigorífico mantinha uma excelente criação de porcos da raça duroc e large black mas não era suficiente. Compravam muito dos criadores avulsos para poder produzir mais. Não foi suficiente. Sei até que importaram uma banha holandesa e refinaram, mas veio a crise para todo o setor. Fecharam-se muitos frigoríficos no Sul e no Vale do Peixe no oeste catarinense por falta de matéria prima.
Um dos irmãos faleceu (Eliseu) e dois (Sílvio e Roberto) administravam o frigorífico em Roca Sales. Meu pai (Guido) se encarregava dos negócios em Porto Alegre. Foi ativo conselheiro do SIPS (Sindicato da Indústria de Produtos Suínos). Certa vez foi ao Rio, no tempo do Getúlio Vargas, reivindicar interesses dos produtores.
Existe uma lembrança “inédita”, como afirma a Globo ao anunciar certos programas. Em uma visita ao frigorífico, meu irmão Benito tirou uma foto em cima de um porco. Dois funcionários colocaram-no montado e ficaram cuidando. Só deu tempo de fazer clic e o porco disparou.
Meu irmão Benito montado num porco
Alguns dados desse texto eu obtive com o Ary Gräbin, um ex-funcionário do frigorífico que trabalhou lá de 1941 a 1952. Hoje , com oitenta e cinco anos, ele lembra que era responsável pela expedição e pelo relógio-ponto e que havia mais ou menos cem operários. Conta que seu pai era funileiro e ele, então adolescente, ajudou-o a colocar as calhas de folhas de flandres do prédio. De 1948 a 1952, trabalhou no escritório da empresa aqui em Porto Alegre. Para encerrar, aqui ficam minhas homenagens e minhas saudades aos quatro irmãos, meus tios e meu pai, que fundaram as Indústrias Reunidas Orlandini S/A.
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