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Mafalda Orlandini
05/08/2013 | Moinhos de Vento, o novo bairro
Os primeiros tempos do casarão foram de trabalho e adaptação. Deixáramos a casa e os amigos da adolescência e mudáramos para um bairro completamente diferente. Os vizinhos ficavam distantes, pois o casarão era numa esquina. Os muros eram altos e não podíamos vê-los. Quem residia ao lado era um pneumologista famoso, o doutor Augusto Maria Sisson. Na esquina da frente ficava o Hospital Independência. Na diagonal, morava o doutor Naio Lopes de Almeida. Sabíamos que recebia visitas importantes, como o doutor Leonel Brizola e sua esposa Neusa. Sabíamos o nome de outras pessoas importantes que moravam no bairro, mas não convivíamos com eles como era hábito na adolescência. Além disso, eu e meu irmão deixáramos os namorados vizinhos. Eu costumava falar com o meu ao entardecer por cima do muro, pois morava na casa ao lado.
A mudança de residência fora parcial, porque papai negociara assim. Os antigos proprietários deixaram o andar térreo completamente mobiliado e nós também fizemos o mesmo. Levaram apenas os dormitórios do andar de cima e nós trouxemos os nossos. Do andar térreo, tiraram as pratarias, os cristais, os quadros, os livros da biblioteca e o busto de Júlio de Castilhos, entre outros objetos. Os móveis que ficaram eram todos importados e lindos, fortes. Havia duas salas de jantar, um gabinete, uma sala de visitas estilo clássico, um amplo hall de entrada, copa e cozinha. Havia também um jardim de inverno com colunas com samambaias que iam até o chão. Um tanque com um peixe raro, azul prateado nos encantou. Ficamos com pena de vê-lo tão só num espaço tão amplo e colocamos outros para fazer-lhe companhia. Matou todos, era um peixe assassino.
Minha mãe começou logo a fazer o que adorava: decorar a casa. Contratou uma empresa que fazia móveis sob medida, a Dariano, para fazer dormitórios novos. Os que havíamos trazido não combinavam com o pé direito das salas enormes. Contratou a Casa Kluwe para fazer cortinas em toda casa. O decorador Raul Fernandes para fazer um quarto de princesa para minha irmã. Tudo foi ficando lindo, perfeito, e começamos a perceber que meu pai fizera mesmo um bom negócio. E nada como o tempo para aceitar o que não tem volta; adolescência havia acabado e chegara o amadurecimento. A casa estava pronta para receber os amigos antigos, os novos e os parentes.
Em pé: José Guido e Alzira Orlandini
Sentados: Mafalda e Ney Alves Pereira
A primeira comemoração foi o casamento da filha mais velha. A foto é da sala estilo clássico, com as paredes de papel importado e algumas das inúmeras corbelhas recebidas em dezembro de 1951. Pela ordem natural da vida, fechara-se um ciclo. Treze meses depois, nascia o primeiro neto de uma sequência de mais quatorze da família de Alzira e José Guido. A casa encheu-se da alegria de novas vidas e do riso das crianças.
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