Mafalda Orlandini
21/09/2015 | De Frente para a Crise
Claro que fiquei muito incomodada com o parcelamento dos salários. Depois, mais calma, examinei meus compromissos e percebi que sou uma mulher de sorte. Tenho uma aposentadoria “fabulosa” de professora e uma pensão do IPE de viúva de professor, portanto duas matriculas. O Governador pensou justamente em mim. Receberia dobrado. Conferi as contas e constatei que sobreviveria até dia 10 sem atraso nos pagamentos. Não tenho aluguel e meu condomínio vence no dia 10 de cada mês. As contas maiores são para depois e eu tive, novamente a sorte de receber dobrado (rsrsrs). No dia 20, tenho a conta maior, a do Záffari, 1.500 reais. Justo no dia em que receberei o restante dos meus vencimentos. O limão virou limonada. Verdade (rsrsrs), não posso reclamar.
Aprendi, por outro lado, a enfrentar a crise sem estresse. Tenho todo o tempo do mundo para ler o que quiser. A leitura de ZH e do Correio do Povo é diária e sagrada. Leio quase tudo. Começo pelas crônicas, artigos e notícias que me interessam (o vaivém político e outras), fujo das tragédias e das violências e vou procurar o que chamo de leitura por amor. Pasmem: é minha ascendência de imigrante italiana e alemã, de minha alma ligada à terra e ao que ela significa que me faz controlar se os gaúchos estão cuidando bem dela. Busco o que quero nos suplementos de ZH (Campo e Lavoura, Campo Aberto) e do Correio do Povo.
Já comentei, certa vez, sobre os filhos e os netos dos agricultores que estão fazendo o caminho inverso de outros tempos e estão retornando ao campo. Citei a excelência e a proliferação de escolas técnicas, a agroindústria e as cooperativas. O que quero destacar hoje é a Expointer, conhecida em todo o Brasil e orgulho gaúcho. Neste ano, não foi diferente, foi um sucesso. Na contramão da crise, o homem do campo acredita e não deixa de investir. Claro que é mais prudente e investiu um pouco menos nas caras máquinas agrícolas. Mas o Freio de Ouro, o desfile, e venda de raças campeãs esteve em alta. O habitual público pagante visitou, prestigiou e curtiu a Feira proporcionando um bom lucro.
Quando elogiamos a Expointer, não poderíamos deixar de, ao mesmo tempo, ressaltar a importância da Festa da Uva, a tradicional vocação pelo cultivo da fruta, e a consequente produção e exportação de vinhos e sucos. Quanto à agroindústria só encontramos registros animadores. Descobri a evolução da fruticultura e da floricultura. Com investimentos em tecnologia e manejo das sementes, às vezes até importadas, os produtores conseguem manter espécies raras de flores e frutas o ano inteiro. Há que destacar ainda a criação e o abate de frangos e suínos. O Rio grande já, desde muito tempo, é tradicional na plantação de arroz. Aliás, é pela diversidade de produtos que o Rio Grande se destaca nas exportações. São russos, chineses e muitos outros povos que vêm em busca de alimentos gaúchos para seus povos. Li, em algum lugar, que a contribuição gaúcha para o PIB nacional é significativa. Só não lembro quanto.
Vale ainda mencionar o que li em Campo Aberto, ZH, 24/06/2015. Uma cooperativa de Garibaldi (RS), aparece como exemplo de boas práticas para o desenvolvimento sustentável. Para receber a classificação (Padrão Onu), a Coopeg passou por um processo que incluiu visitas de técnicos e uma série de relatórios para a unidade da FAO.
Breno Bortolini se dedica à agricultura orgânica. Foto: Salete Arruda da Silva / Divulgação
Sei que há muitos prejuízos pela inconstância e mau humor do clima, o preço dos insumos e a luta por financiamentos é grande, mas o homem do campo é um forte. Nunca se entrega. Recomeça pela centésima vez se for preciso. O meu Rio Grande do Sul vai continuar sendo o Celeiro do Brasil.
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