Mafalda Orlandini
30/11/2015 | Abrace muito.
Ando desanimada, sem inspiração para escrever. Eu, que gosto tanto. O motivo está no momento que o nosso mundo está vivendo. Milhares de mortos causados pelo terrorismo, pela violência gratuita, pelas tragédias ambientais, decepção pela corrupção. Eu me nego a escrever sobre assuntos que me deprimem e me envergonham como ser humano.
Eu não sei ficar parada. Quando não estou ao computador, estou pesquisando na TV ou lendo. Não tenho feito mais tricô porque doem meus dedos pela artrite. Adoro também mexer nas minhas quinquilharias (preciosas, aliás), organizar papéis e picotar o que é inútil (até comprei um picador). Tenho também muitas fotos que nunca termino de colocar em ordem. Pois é. Num desses momentos, caiu-me no colo uma foto que parecia falar: Lembra de mim? Fala de mim. Era eu com minha colega, professora de Inglês num dos nossos encontros de aposentados.
Última foto com a Cleia Schumacher me alcançando o presente do amigo secreto.
Vou lembrar com saudades da Cleia Schumacher, de seu lado bonito e humano, mas sem tristeza. Era excelente professora, responsável ao extremo, nunca recebi reclamação de algum aluno seu. Aliás meus três netos foram seus alunos. O que era especial nela e me marcou foi o seu abraço. Diferente dos que normalmente recebemos. Ela apertava com firmeza e sempre dizia que eu era a única que correspondia à altura. A maioria se retrai, quando o abraço é de verdade.
Foto do grupo de professoras em um Natal. Ela é a terceira da direita para a esquerda
Falando em abraços, vou falar de outros que me marcaram. Quando eu estava muito mal no hospital, anos atrás, recebia muitas visitas, e veio me ver o meu neto Eduardo que estava num momento de carência porque brigara com a namorada. Por isso, e por se emocionar ao me ver naquele estado, abraçou-se a mim por um longo tempo, com lágrimas nos olhos e pediu para me esforçar e não desanimar porque eu era muito importante para a família e muito amada.
Eduardo, meu neto, com a atual e linda namorada.
Agora, com a dispensa de inúmeros profissionais, ele também entrou na lista dos demitidos. Logo o convidei para vir almoçar comigo e conversar um pouco. Ao se despedir, no primeiro dia, abracei-o “à moda Cleia”, com firmeza, e disse que contasse comigo e que viesse, pelo menos. almoçar comigo uma vez por semana. É o que tem acontecido. Agora, já com alguns “free lancer”, ele me disse que aquele abraço e o que eu disse foi um marco para ele não se entregar, não se deprimir.
Como era momento de confidências, aproveitei para dizer que aquele abraço e as palavras de incentivo no hospital também foram muito decisivas para mim e eu lembro com carinho aquele “apertão” dele junto ao meu coração. Portanto abrace, abrace muito, mas que seja um abraço especial, de coração. Um abraço pode ser determinante em uma vida.
Abrace, abrace muito.
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