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Mafalda Orlandini
09/02/2015 | Gentil Marin, o professor de Inglês.
Conheci Marin em 1967, quando era professor de Inglês do meu filho Oscar, no Colégio Nossa Senhora do Rosário. Ainda era Irmão Marista. Era muito querido pelos alunos, pois seu trabalho ia além da sala de aula. Acompanhava os grupos que gostavam de jogar futebol e organizava os times.
Time de alunos do Rosário com o Kid à esquerda. A sua direira meu filho Oscar.
Eu o conheci mais de perto, quando veio pedir autorização para meu filho ir a uma excursão ao Uruguai e à Argentina com outros colegas. Veio conversar comigo e esclarecer sua responsabilidade no evento, já que eu estava indecisa.
Foto do Oscar com colegas na Carretera no Uruguai.
O Oscar terminou o Segundo Grau e a amizade continuou. Meu pai havia vendido 20 hectares (acho que foi isso) a Irmãos Maristas que construíram uma espécie de retiro não muito longe de nossa casa. Algumas vezes, o Kid (já o chamávamos assim na intimidade) vinha caminhando pela beira do Guaíba e ia visitar-nos.
Casa do Haras em que ele ia às vezes.
Na foto eu, meus filhos Oscar e Ricardo e um sobrinho.
Veio um tempo em que ele sumiu. Fora estudar nos Estados Unidos. Quando voltou, não se adaptou mais e pediu licença da ordem. Quando eu fui lecionar no Rosário, ele já não estava mais lá e abrira um curso de Inglês, pois dominava o idioma e tinha currículo para tanto. Uma das suas gentilezas foi oferecer-me uma bolsa de seu curso. Eu não poderia recusar tal cortesia e lá fui eu. Nunca vou esquecer aquela experiência. As salas tinham o piso coberto de fofos tapetes de pelo branco de ovelha e poltronas reclináveis. Deve ter sido um modelo trazido da América do Norte. A sala ficava em penumbra, colocavam dois fones nos ouvidos dos alunos, uma música de fundo suave e ficávamos ouvindo a aula gravada. Resultado: eu não demorava em pegar no sono. Penso que não fui boa aluna.
Cartão de Natal enviado dos Estados Unidos.
Um belo dia, quando ele já era maduro, fomos convidados para seu casamento em Novo Hamburgo. Lembro bem da fartura e da comida tipicamente alemã. Havia até chucrute como minha mãe, descendente de alemães, costumava fazer. Foi uma festa bem à moda alemã, com dança e música. Não dá para esquecer.
Gentil Marin, o Kid, em 1967.
Costumava também frequentar nossa casa no Imbé, pois sua residência de verão é lá, só que no outro extremo do balneário. Talvez tenha optado pelo Imbé por causa da proximidade do canal do Tramandaí onde costumava andar de lancha e, às vezes, levava meus filhos com ele.
Gentil Marin em foto mais recente.
Vendi minha casa no Imbé e, morando em cidades diferentes, fazia um bom tempo que havíamos perdido o contato. Ao ler jornal, como é meu hábito matinal, não pude passar sem ver a foto do Marin. O choque de saber que foi assassinado com requintes de crueldade, foi grande e impressiona muito mais quando é alguém tão próximo de nós. Percebemos como todos estamos sujeitos à violência. Comecei a pensar no outro Marin, no Kid que conheci: alegre, brincalhão, ativo, curtindo a vida. Ninguém merece tamanha maldade. Aqui fica a minha homenagem àquele que eu conheci em outros tempos. Tempos em que não poderia imaginar um fim tão trágico para aquele amigo de momentos tão felizes. É essa a lembrança do Kid que eu vou guardar no meu coração. Descansa em paz, meu amigo.
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