![](http://45.7.168.149/uploads/colunistas/e2dae9bf0a486a815eb1f5b539fbbaa6.jpg)
Mafalda Orlandini
15/04/2013 | O Clubinho da Rua Visconde
Nós nos mudamos para aquela casa no final da década de trinta. Ali, no quarto de casal, nasceu meu irmão mais moço. Ficamos até 1950, portanto passamos nossa infância e adolescência residindo na Rua Visconde. Era óbvio que não quiséssemos sair dali. Meu irmão Benito ficou até revoltado e jurou que ia juntar dinheiro para recomprar aquela casa que meu pai trocara por uma mais ampla no Bairro Moinhos de Vento.
Éramos sócios de dois clubes, Leopoldina Juvenil e Clube do Comércio, mas nossos pais não tinham o hábito de frequentá-los com os filhos. Nossas saídas se limitavam a passeios de carro e piqueniques em Belém Novo ou em Guarujá. Daí que nos davam tudo que nós quatro pedíamos para ficarmos ocupados, brincando ou estudando em casa. Claro que a bicicleta, a bola e as bonecas (só duas) foram os primeiros brinquedos. Meu irmão mais velho Benito e eu fomos inventando outras coisas: uma mesa para jogar pingue-pongue, outra para o futebol de mesa, jogos variados, baralho de cartas, bingo, etc... etc... Por fim, compraram-nos uma eletrola e escolhemos discos da moda.
Os irmãos: Mafalda, Benito, Leda e Lorenço.
Pedimos para fazer um tablado de madeira para colocar em cima das lajes do pátio e fazermos reuniões dançantes com nossos amigos, no verão, debaixo do parreiral. Estava pronto o clubinho. Sócios não faltavam. Era toda a gurizada da rua que encontrava sempre as portas abertas. Nós, os Orlandini, os filhos das famílias Rossi, Costi, Endler, Petersen, Martins, Pereira, Schneider, Wild, Suffert e outros que agora não me ocorrem. Até o Xiru, o cachorrinho comunitário, vinha examinar o prato feito que nós e mais duas famílias preparávamos para ele. Cheirava e ia comer no “melhor restaurante”.
O clubinho funcionava nos fundos do quintal onde, ao lado da garagem, havia um salão e dois quartos. Em nossa sala de estudos, havia duas mesinhas, cadeiras e uma prateleira com livros e dicionários. Até revistas e o famoso gibi, dos super-heróis da época era encontrado lá para ler ou para trocar. O salão não tinha portas e qualquer um podia sair e entrar à vontade. Ali ficavam a mesa de pingue-pongue e todos os jogos. O convívio era tão natural, espontâneo, fraterno e divertido que levou a quatro casamentos entre os “associados” do clubinho da Visconde
Meus pais não estudaram psicologia ou pedagogia, não tiveram acesso a cursos de nível superior. Em Roca Sales, só havia até a quinta série primária. Mas a educação à moda antiga manteve os filhos em casa, sob seus olhos, e fizeram o que penso ser muito sábio ainda hoje: conhecer os amigos dos filhos, quem são realmente, o caráter deles e trazê-los para dentro de suas casas. Foi a adolescência mais tranquila, segura e feliz que eu pedi a Deus.
A mão Alzira, rodeada por seus filhos: Leda, Mafalda, Benito e Lourenço.
Compartilhe
- Dia das Empresas Gráficas
- Dia de São João
- Dia do Anjo Haheuiah
- Dia do Caboclo
- Dia do Observador Aéreo
- Dia Internacional do Disco voador
- Dia Internacional do Leite
- Festa de São João Batista - Porto Alegre
![img](http://45.7.168.149//temas/site/assets/img/img-ad.png)