Mafalda Orlandini


26/05/2014 | Diário de Romeu Issa: um nove de julho azul e branco

Juan Domingos Perón esteve muitos anos na Europa, Alemanha e Itália principalmente. Estudou a fundo o regime nazista de Adolf Hitler e o fascismo sistema de Benito Mussolini. Quando ele foi eleito presidente da Argentina, em 1946, implantou um governo que era a mistura daquilo que achava perfeito. No princípio, com a aprovação apaixonada dos trabalhadores, foi, aos poucos, cercando-se de poderes quase absolutos. Com suas atitudes controversas, foi criando a oposição dos militares, da elite portenha e do clero. Em setembro de 1955, foi deposto pelo que se chamou “Revolución Libertadora” que fechou o Congresso Nacional e destituiu os membros da Suprema Corte. Foi uma revolução sangrenta, com o bombardeio de Buenos Aires, fuzilamentos, muitos mortos e feridos. Perón fugiu e exilou-se em um país vizinho.

Nossa excursão ocorreu em plena Ditadura Militar e isso explica a incrível demonstração do poderio bélico e do aparato do desfile das Forças Armadas no ano de 1957. Durante a semana que precedeu o Dia da Independência, a cidade estava vestida de azul e branco, tantas as bandeiras içadas em quase todos os prédios. Neste dia histórico para os argentinos, e memorável para nós, saímos do hotel às onze horas para assistir ao desfile militar na Avenida San Martin. Lá chegamos às doze e trinta e nos acomodamos em arquibancadas preferenciais: incrível, pois nos haviam enviado convites individuais. Até hoje não entendo o porquê dessa gentileza para simples estudantes.


Desfile militar em Buenos Aires – Argentina.

Não lembro se primeiro desfilaram os militares ou as armas. O certo é que foi tudo impressionante. Os homens marcharam em ritmo cadenciado e alinhados com perfeição. Os uniformes mudavam conforme a arma a que pertenciam, e eram impecáveis. Eram fuzileiros, cadetes, marinheiros, homens em uniformes de guerra, e outros que não sei nomear. Vimos também uma coletânea de armamentos que nos deixou impressionados: tanques, canhões, blindados, metralhadoras, fuzis, baionetas, caminhões, etc. A cavalaria também desfilou. E por último, apareceram grupos com bandeiras de outros países que, suponho, mandaram representantes demonstrando apoio à Ditadura Militar. Aos, poucos, a extensa Avenida San Martin ficou tomada pelo desfile, tudo ao som de uma banda marcial e canções patrióticas. Assistimos a tudo com admiração e respeito como estrangeiros alheios à situação por que passava o povo argentino.


Foto do colégio Marista em Buenos Aires

À noite, fomos novamente ao Colégio dos irmãos Maristas, já que havíamos sido convidados para os festejos do Dia da Independência. Todos cantaram o hino argentino e nós, o brasileiro. Houve mais comemorações alusivas à data, e foi-nos oferecido um coquetel. Nós, que havíamos levado os inseparáveis pandeiros e tamborins, iniciamos um “enfeza”, apoiado imediatamente por alunos e professores. Foi tão divertido e animado que um senhor, Lúcio Silva, nos convidou para continuar na casa dele que era bem próxima.

A residência era, na realidade, um luxuoso apartamento de quarto andar em um edifício de sólida construção. Em um primeiro momento, fomos convidados a apreciar as obras de arte que embelezavam o ambiente; Inclusive, ouvimos explicações sobre arte japonesa, pois as de maior valor eram do Japão. Questionamos sobre um grande quadro a óleo de um homem com uma faixa azul e branco com escudo argentino por baixo da casaca. Fomos informados que era o pai da dona da casa e ex-presidente da Argentina. Lamentavelmente, ninguém se lembrou de anotar o nome.

Por convite da família, continuamos a dançar, agora com os tapetes da sala enrolados e música mecânica. O entusiasmo era tanto que virou carnaval e o barulho chegou aos vizinhos. Não demorou muito para que alguém batesse à porta. Era um vizinho de apartamento. Silêncio constrangedor. Foi aí que  vivemos um episódio inusitado. Pediu licença para abrir as portas do seu apartamento, para levarmos o cordão carnavalesco até sua casa e sua família participar da brincadeira.

O dia 09 de julho terminou, para nós, a uma hora do dia 10 que foi quando, depois de muitos abraços e agradecimentos, nos retiramos encantados .Aquele dia deve ter sido, muitas vezes, lembrado por aqueles estudantes que queriam uma viagem interessante, mas não contavam com tanta hospitalidade e com momentos como aquele na casa do simpático argentino Lúcio Silva.

Hoje, olhando para trás, sei que a Argentina vivia uma época difícil, de extrema repressão, mas não nos foi possível perceber o que acontecia na realidade. Fizemos o nosso papel de estudantes em férias e só curtimos a cortesia portenha.


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