Mafalda Orlandini
29/09/2014 | Professora, vice-diretora e avó
Foram dez anos na Escola Santos Dumont e muitas histórias para contar. Fui convencida a ser professora pelo meu marido. Estava indecisa entre outras profissões de Ciências Sociais e ele me disse que seria bom, um dia, trabalharmos na mesma escola. Ele sabia, melhor que eu, que eu tinha qualidades para o magistério. E foi assim que me realizei como professora.
Há tantas lembranças daqueles anos na Vila Assunção que não sei por onde começar. Passei por seis direções ( professores Anayrto, Nilva, Beatriz, Brasil, Denise e Laci ). Não preciso dizer que sempre me relacionei bem com eles, pois fui vice de três deles. Conquistei os professores pela facilidade em elaborar os horários e evitar as famosas “janelas”. E eu passei anos na vice-direção. À medida que nos fomos aposentando, formamos grupos de reencontros e eu passei a fazer parte de dois.
Encontro de Natal no galpão crioulo da família da professora Zelândia Sebben na Vila Assunção.
O melhor de tudo, ao ir para a Vila Assunção foi colocar três netos para estudar perto de mim e convencer meu filho Ricardo, que havia casado aos dezoito anos, a voltar a estudar. Veio fazer a terceira série do segundo Grau à noite. Tomou gosto pelo estudo, tornou-se líder de turma e não parou mais. Fez vestibular para a URGS, passou e hoje é Administrador de Empresas.
Meus netos Milena e Eduardo ( os gêmeos ), Fernando e eu.
A educação dos netos foi mais difícil e atravessou o período da adolescência. Como São gêmeos, foram colocados na mesma turma. Depois de dois anos, em Conselho de Classe, me convenceram a separá-los porque um estava se tornando dependente do outro. Aceitei a sugestão da Coordenação. Um rodou no próximo ano e o outro no ano seguinte. Quiseram sair da escola e, para concluírem o Segundo Grau, foi no Supletivo depois que “criaram juízo”. Eu não deixei de incentivá-los a estudar e hoje os dois já são formados: o Eduardo em Jornalismo, e a Milena em Pedagogia Multimeios em Educação e Informática.
Meu neto Fernando que se formou em Administração de Empresas.
O terceiro neto também estudou lá, mas eu o acompanhei com o mesmo cuidado já fora da escola, então aposentada. O Fernando concluiu no Santos Dumont o segundo Grau, e já terminou Administração de Empresas. O que valeu é, que mesmo com alguns tropeços, acompanhei o crescimento deles e sei que foi muito bom meu olho de avó. Eu e meus colegas estávamos sempre controlando o comportamento e as dificuldades deles. Quando eles aprontavam algo, quando um professor vinha contar, eles já me haviam feito o relato à moda deles. Eles nunca se queixaram dessa fiscalização porque tudo era feito com carinho e eles sabiam que era para o bem deles. Hoje somos todos amigos: os professores, eles e eu. Um reencontro é sempre uma satisfação. Mas, como na adolescência, por mais que a gente se esmere, alguma coisa não sai como gostaríamos. Nada que não se possa consertar.
Outro grupo de que fiz parte: colegas e moradoras da Vila Assunção que
costumam reunir-se na residência da Coordenadora de Educação Diná Ferreira.
Na época atual, vejo como acontecem violências e desacertos nas instituições de ensino e comparo com alguns episódios na minha escola. Insignificantes, em relação aos de hoje. Só para comparar, relato dois. Uma vez, um adolescente esvaziou dois ou três pneus dos carros das professoras e foi flagrado. Seu pai foi chamado à escola. Mandou o filho retirar os pneus, levá-los para encher e colocar no lugar.
Outra vez, um pai foi informado que o filho andava fumando maconha com uns colegas. Repreendeu a Orientadora e disse para o filho que, quando quisesse fumar maconha com seus colegas, que os convidasse para ir a sua casa, porque lá ninguém iria interferir.
Quando falam na responsabilidade dos pais e dos professores pela educação das crianças, eu penso como estarão aqueles dois jovens com pais com critérios tão diferentes sobre educação. Muitos não pensam que na formação de seus filhos é importante harmonizar-se com os mestres. Hoje, em casos mais graves, nem sempre é possível encontrar um denominador comum entre pais e professores. Isso é muito ruim.
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