Carlos Mello
16/03/2011 | A Origem da crença em deuses.
Provavelmente nunca vai se saber com certeza o que aconteceu nos primórdios da vida do homo sapiens, quando começou a querer entender o que ocorria em volta de si, mas não é difícil imaginar, pois se tem uma idéia das dificuldades que enfrentaram.
O homem primitivo era um ser vulnerável num universo onde tudo era mistério, perigoso e letal, ele buscava respostas, e com a ignorância total sobre o que acontecia, criou explicações, grosseiramente comparáveis ao que seus descendentes milhares de anos depois chamariam de hipóteses. Isto porque acreditavam que praticamente tudo era influenciado por seres espirituais. A diferença é que eles não tinham conhecimento dos fenômenos naturais, era impossível entender a noite, os raios, as eclipses, os vulcões, as feras, as doenças, a morte, etc, então as explicações eram reflexos do primitivismo da época, absurdas para os dias atuais, (menos para os crentes) mas compreensíveis para o ambiente da idade da pedra.
Nestas condições devem ter imaginado que existissem seres muito poderosos e que estavam no comando de tudo, por esta razão, ele decidia rezar, agradar, adorar e oferecer sacrifícios. E assim criaram o Deus Sol, a Deusa Lua e mais uma centena de outros, que se interagiam com os humanos através de trovões, raios, enviando ou não chuva, sorte, caça.
Provavelmente neste estágio não chegaram a inventar o conceito de Paraíso e Inferno, pois somente imaginavam seres superiores, e não em recompensas e castigos.
Isto tudo são suposições que só servem para mostrar que a invenção de mitos divinos nasce da ignorância e da necessidade de obter respostas.
Todas as religiões tem uma coisa em comum: Terem sido criadas em épocas em que predominava a ignorância, a força bruta e o medo. Tudo influenciava, menos o conhecimento e a inteligência. Esta época era um campo fértil para se inventar mitos e se aceitar respostas fáceis, pois qualquer dúvida existente era resolvida com a simplicidade de imputar a algum deus, e com isto respondia a qualquer dúvida. Ou seja: Os deuses eram todas as respostas.
Estes deuses eram o reflexo do meio onde habitavam, então eram parecidos com os seus criadores, assim que os deuses asiáticos têm os olhos característicos daquela região, o africanos são negros e os europeus são brancos. Jesus é uma exceção, porque apesar de sua origem ser no Oriente Médio, foi formatado sob a ótica européia, com cabelos claros, lisos, olhos claros e pele branca. Também os deuses eram quase sempre masculinos, isto porque os homens sendo fisicamente mais avantajados que as mulheres, seriam os melhores representantes das supostas poderosas entidades.
Com o tempo, as religiões, que surgiram para lidar com a morte, fraqueza, sonhos e medo do desconhecido, passaram a ser uma identidade cultural do seu meio e como consequência passaram a rechaçar os deuses criados pelos outros povos. Pois cada um achava que o seu deus era o verdadeiro e os outros falsos. A crença de ter o deus verdadeiro foi motivo de quase todas as guerras, que é uma coisa natural para as religiões, pois cada povo queria impor o “seu deus verdadeiro”
Estas estórias religiosas foram transmitidas entre as gerações através de palavras, com o tempo passaram a ser escritas, isto desde os primeiros registros das religiões mais antigas como O Taoísmo, o Confucionismo, e o hinduísmo, que tem mais de 7 mil anos, e também o judaísmo e o budismo com aproximadamente 4 mil e quinhentos anos.
O Judaísmo foi a primeira religião monoteísta a aparecer na história, na verdade se diz monoteísta, porque o seu deus “único” é formado por três deuses (o Deus-Pai, o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo), que tentam, mas não conseguem, explicar que são diferentes mas são um só. É a chamada Santíssima Trindade, que, como toda invenção mal feita, é um mistério e inexplicável.
Desde este período, 7000 AC até os nossos dias, as crenças persistem, principalmente entre os povos mais atrasados e nas camadas menos cultas das populações. Para confirmar é só olhar um globo e ver quais são as regiões em que as religiões tem maior influencia.
Um marco importante para a criação da bíblia ocorreu no ano de 325 DC, quando o imperador romano Constantino juntou representantes cristãos no chamado Concílio de Nicéia, com o objetivo de organizar os registros então existentes numa só coleção, que seria a bíblia sagrada.
A partir deste Concilio, aparece a bíblia e todas as suas estórias passam a ser um livro supostamente escrito por Deus através de seus profetas. Aliás muito mal escrita, o todo poderoso poderia ter inspirado em fazer um livro bem menos complicado, pois este tem sempre que ter um intérprete.
Nos próximos séculos existe uma tentativa de cada povo querer catequizar os outros com “suas verdades” apresentando uma entidade que, estranhamente, era para ser amada, mas principalmente temida.
Com este “deus no coração” inventaram que era necessário promover o “maravilhoso reino de deus” aos outros povos, então chamados de pagãos, pois adoravam outros deuses, com isto justificando todo tipo de atrocidades e guerras, como se o que mais agradasse a seu deus eram sacrifícios, até de humanos, e massacres dos não-crentes ou adoradores de outros deuses. E também o que mais irritava deus era ser renegada sua existência.
Isto demonstra que, ao contrário do que afirmam os religiosos, deus não criou o homem à sua imagem e semelhança (amoroso, caridoso, piedoso, e outros tantos “oso”), e sim o contrário, foi o homem que criou deus à sua imagem e semelhança, (Rancoroso, ciumento, perverso, dogmático e cheio de mistérios).
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