Carlos Mello
11/07/2012 | A “Partícula de Deus” ou Bóson de Higgs.
Eu tenho uma teoria sobre casamento gay, também tenho uma sobre porque meu time foi mal no campeonato, ... Na verdade tenho nada, isto não são teorias, são idéias, palpites.
Cada ramo de atividade tem seu próprio conceito de teoria. Mas teoria de verdade, a científica, é a que se aprende nos primeiros anos escolares, são idéias, depois hipóteses até tornarem-se teorias. Tem que serem lógicas, racionais, testáveis frente a evidências, submeter-se criticamente à prova dos fatos e da dedução lógica. Ainda assim a teoria científica pode não ser absolutamente certa.
O homem, por sua natureza curiosa, sempre especulou sobre a nossa origem. Seguindo essa evolução foi criada, no século passado, a teoria do Big Bang, que se tornou a mais aceita para explicar o surgimento do nosso universo.
Às vezes os sensacionalismos da mídia ao abordarem acontecimentos científicos acabam confundindo mais que esclarecendo, principalmente quando abordados por jornalistas que falam de tudo e por pessoas leigas como eu e tantos outros. Por isto o assunto só pode ser apresentado de forma bem simples, por simples falta de competência no tema.
A “Partícula de Deus” é o apelido que os cientistas menos queriam, esta expressão vem de um livro do físico ganhador do prêmio Nobel Leon Lederman, cujo título original era "A Partícula Maldita" (The Goddamn Particle), devido a dificuldade de encontrá-la. O editor do livro alterou para "A Partícula de Deus" por achar mais conveniente. Pois este nome pegou assim como um apelido não desejado.
Conforme as teorias da Física, Bóson de Higgs é uma partícula subatômica considerada uma das matérias-primas básicas da criação do universo, é uma parte que faltava ser confirmada pela experimentação para tornar mais verossímil ainda a teoria do Big Bang, aquela que entende que tudo partiu de um explosão inicial há 13bilhões de anos atrás, e que iniciou a criação do nosso universo.
A tentativa de demonstrar a existência desta partícula foi uma das razões de se gastar bilhões de dólares na construção do imenso acelerador de partículas da Organização Européia para a Pesquisa Nuclear, na Suíça e outros tantos bilhões no Fermilab de Chicago, nos Estados Unidos.
O físico britânico Peter Higgs, de 83 anos, que propôs a existência do bóson em1960, ainda está vivo e ficou feliz com a confirmação de sua tese 50 anos depois.
Os cientistas deram mais um passo para acabar de uma vez com todas as especulações metafísicas através do seu método de conhecimento empiricamente verificável, mostrando mais uma vez que a origem de tudo, nosso planeta, nossa vida, tem explicações racionais.
Apesar do apelido de “Partícula de Deus”. NÃO TEM QUALQUER RELACAO com religiosidade, ao CONTRÁRIO, mostra o quanto é ridícula a “teoria do criacionismo”, inventada pelos religiosos. Na verdade somente eles usam o nome de teoria, pois não passa de uma crença.
O que surpreende é a tentativa da Igreja Católica de capitalizar, já que não pode mais queimar os cientistas, a descoberta do bóson de Higgs como uma evidência da grandeza de Deus. Pelo menos é o que se deduz pelas palavras de um bispo, dom Marcelo Sánchez Sorondo, teólogo e chanceler da Pontifícia Academia das Ciências, do Vaticano, ao afirmar que “Partícula de Deus demonstra que a criação é algo maravilhoso”. E acrescentou: “Se ela está aí, é porque alguém a colocou.” E continuou o besteirol com “O cientista se limita a dizer que descobriu a partícula; o crente vê o fruto da vontade de Deus".
Este Bispo não se deu conta que o apelido não tem nada a ver com suas superstições, e usa a descoberta científica para tentar reforçar suas crendices, pois a Igreja sempre defendeu que por trás de tudo está seu Deus, menos nas coisas ruins é lógico. Cientistas de primeira grandeza, como Stephen Hawking, costumam afirmar que a cada avanço da ciência implica sempre na diminuição do espaço das crenças religiosas. A história tem confirmado isto. Não se esperaria que a Igreja concordasse com isto, mas com essa afirmação mostra que perderam completamente a noção de ridículo.
Esta descoberta é mais um passo na direção do completo enterro da surrada e hilariante idéia do criativismo, pois vai ficar difícil até para os crentes, que na verdade são os únicos que ainda dão algum crédito para esta lenda, acreditarem nas suas fantásticas invencionices.
Não será nenhuma surpresa se aparecer alguém afirmando que Nostradamus, hieróglifos aborígenes, pinturas maias e tantas outras tolices iguais às religiosas, tentem se apoderar do resultado da descoberta do Bóson de Higgs, pois o desespero de enxergarem o fim dos misticismos e crescimento de grupos mais informados os deixa cegos para admitirem que o sobrenatural está sumindo, não tem mais espaço nos dias atuais.
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