Carlos Mello
12/03/2014 | Ucrânia pode. Crimeia não pode.
Sem entrar nas histórias da Ucrânia e da Crimeia, disponíveis em todo lugar, e somente abordando a situação atual e ainda esclarecendo que estou longe de ser esquerdista, mas nesta os russos tem razão.
A Ucrânia tem todos os motivos para querer escolher livremente suas associações políticas e econômicas, compatíveis com a vontade manifesta da sua população. Independente de se concordar ou não com sua escolha.
Acontece que a Crimeia tem exatamente os mesmos motivos e direitos.
Existem muitos pseudodemocratas que tentam relativizar interpretando que o seu lado sempre “É DIFERENTE” e hipocritamente dizem, por exemplo, que a Ucrânia fez muito bem em querer se afastar da Rússia, mas vociferam quanto a Crimeia querer o mesmo em relação à Ucrânia.
Estranho que a Europa e os EUA, que se empenharam em defender a legitimidade dos manifestantes que foram às ruas em Kiev e derrubaram o governo, estão contra que a Crimeia defenda queira exercer a mesma soberania popular. Só vale para um lado.
Se “esquecem” que a Crimeia é uma península autônoma (procurem o significado disto) com maioria russa que pode sim rejeitar a opção do novo governo ucraniano e fazer livremente sua opção através de um referendo sobre a anexação dela a ao que quiser, pois a Crimeia não é Ucrânia. Lá mais de 90% falam russo, os jornais, TVs locais e escolas são em russo, sua religião é a Igreja Ortodoxa Russa. Tem que ser muito obtuso para não ver que ali tem um povo russo, e o plebiscito de domingo próximo comprovará essa realidade.
Os russos estão certíssimos em proteger seus amigos, principalmente depois de o ministro recém-empossado da Ucrânia declarar que prenderia quem falasse russo e grupos fascistas ameaçarem os de origem russa, com isto e antes que sofressem uma covarde ação retaliatória, seus amigos do leste apareceram.
Se não ocorresse essa proteção provavelmente estaríamos assistindo a mais uma “limpeza étnica” como ocorreu nos Balcãs, onde milícias assassinavam populações que não tinham qualquer proteção. Não se deve esquecer do Timor Leste, onde a população de língua portuguesa democraticamente escolheu se livrar da Indonésia e então centenas de milícias, apoiadas pelo exército indonésio, assassinaram, roubaram e depredaram aquele povo, que foi salvo pela ONU quando autorizou e as primeiras tropas (australianas) meses depois, chegaram em seu socorro. Porque se fossem depender das nações de idioma português, teriam sido massacrados. Se a ONU não os socorresse talvez não existisse mais aquele povo, e isto porque não tinham amigos.
Ao contrário dos demais povos, os de idioma inglês e russo tem essa segurança de não estarem sozinhos. É só lembrar das ilhas Falklands que continuam falando inglês e não espanhol.
Os esquerdistas sempre são apontados como relativistas em seus pontos de vista, e realmente o são, um exemplo bem recente é o desabamento moral do discurso de serem contra a terceirização e aviltamento salarial quando se calaram frente o caso dos médicos cubanos, que alguns ainda tentam explicar que “é diferente”, como se conforme a origem as pessoas podem ter tratamento diferenciado.
E agora os direitistas agem exatamente iguais ao afirmar, ou tentar defender, que a Ucrania e Crimeia são casos diferentes, que os da Ucrânia podem escolher seu destino, mas os da Crimeia não.
Além do mais SEPARATISMO é sinônimo de DEMOCRACIA, e um plebiscito é a melhor maneira de esclarecer isto.
Qualquer um, por pouco informado que seja, pode prever o que vai acontecer. O povo da Criméia, de forma democrática, vai escolher ficar ao lado dos seus amigos russos e a Ucrânia, Europa e EUA, sem alternativa, vão ficar quietos assistindo e, no máximo, reclamando, porque o povo da Crimeia tem sorte em ter amigos, senão estaria sendo subjugado à força.
Cumprimentos ao povo ucraniano pela sua luta libertária e
Cumprimentos ao povo da Criméia pela sua luta libertária.
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