Carlos Mello
18/04/2012 | Ex-ateu
Nada deixa mais felizes os religiosos do que encontrarem um ex-ateu. Achar um ateu que volte a acreditar em Deus, é o mesmo que provarem que o Santo Sudário é verdadeiro ou como se tivessem encontrado o Santo Graal. O ex-ateu é apresentado como alguém que conseguiu sair da depravação do ateísmo e voltar para o maravilhoso reino de seu Deus.
Como, infelizmente para a Igreja, não existe mais inquisição, que era muito mais eficiente em fazer alguém retornar ao seio da santa Igreja “espontaneamente”, voltar a acreditar nos dogmas religiosos deveria ser com a apresentação de alguma evidência. Isto provavelmente converteria todos os ateus, já que é tudo que buscam.
O ateísmo é uma posição filosófica irreversível porque é uma consequência do ceticismo, onde a aceitação de uma crença somente acontecerá quando acompanhada de evidências indubitáveis da existência de alguma manifestação divina. Como Deus não existe essas evidencias nunca aparecerão, o que torna o ateísmo uma forma de pensamento irreversível.
O que pode ocorrer é existir quem nunca tenha frequentado alguma religião e que se converta a alguma doutrina religiosa, como os índios por exemplo. Na verdade estas pessoas são mal informadas e sua ignorância é utilizada para fazê-las “encontrar” o amigo imaginário religioso.
Seguidamente surgem pessoas fazendo uso com autoridade de causa de ter sido ateu e ter retornado a acreditar em Deus e pagar algum dízimo, mas nunca explicam qual a motivação que os fizeram voltar a serem crentes.
É o mesmo que voltar a acreditar em Papai Noel sem explicar o porquê de voltar a crer no bom velhinho descendo pelas chaminés.
O que pode ocorrer é alguém com propensão a acreditar em alguma coisa, por algum motivo se decepcione com sua Igreja, turma ou mesmo seu Deus e se diz ateu. Depois de algum tempo certamente se desapontará, porque no ateísmo não existe nenhum dogma, nenhuma crendice, nenhum tipo de adoração. Então aquele vírus da necessidade de ter alguma fé, algo a idolatrar, o faz voltar a alguma tribo que lhe provenha esta carência espiritual.
Na verdade nunca foi ateu, pois os motivos que ele usou para sair de uma religião não foram os mesmos de quem analisou, pensou e concluiu pela inexistência dos anedóticos dogmas.
Então ele vai justificar que ouviu uma voz interior e até conversou com Deus quando meditou com os olhos fechados. São motivos e problemas psiquiátricos risíveis para os céticos, mas que as religiões são especialistas em abraçar.
Um ateu que saiu de algum grupo religioso por ter pesquisado e vislumbrado as incoerências dos livros sagrados, as suas discrepâncias históricas, os motivos que fizeram o ser humano inventar os deuses, esse certamente nunca vai voltar a idolatrar crendices.
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