Carlos Mello
10/07/2013 | Médicos Cubanos.
A possibilidade de acontecer uma “importação” de médicos tem provocado discussões corporativistas dos Conselhos de Medicina e populistas por parte do governo pensando em algum retorno político.
Primeiramente acho que as críticas feitas pelos Médicos e Conselhos de Medicina são tão exageradamente corporativistas que chegam a obscurecer alguns de seus bons argumentos. Usam raciocínios que qualquer outro conselho como OAB, CREA, CRC e outras centenas usariam para defender sua área de atuação. A medicina é uma prestação de serviços, uma atividade comercial como qualquer outra, se não puder pagar não se é atendido. Isto independe de opinião, é uma realidade.
Esse corporativismo inclui disseminar a ideia de que opinar sobre o assunto deve ser exclusividade dos médicos, isto é uma demonstração de arrogância, como se somente eles possuem o dom de saber as necessidades da população.
Quem deveria dizer se é necessário ou não são os que estão nas filas do SUS ou aguardando meses por uma consulta ou morando em lugares onde não tem qualquer atendimento e não os que tem algum interesse no assunto.
Os Conselhos seguramente tem razão quando afirmam que a qualidade dos cubanos deve ser baixa e a solução da saúde não é a falta de profissionais e sim as condições de trabalho, a falta de leitos nos hospitais, a falta de estrutura para fazer procedimentos cirúrgicos e até a falta de ambulatórios para um atendimento de qualidade e ainda a falta de medicamento nos postos de Saúde das periferias.
Logico que os médicos cubanos, ou de outras nacionalidades, devem ter uma baixa qualidade, Hugo Chaves é um bom exemplo. Eles não virão para atender a burguesia esquerdista ou políticos e sim os desabrigados de atendimento que não moram próximo a grandes centros. Ou seja: Um atendimento de segunda é sempre melhor que nenhum atendimento ou as “consultas” feitas junto aos balconistas das farmácias. Então pessoas com uma formação médica, mesmo que não seja de primeira qualidade, logicamente que vai ser melhor.
Quanto a falta de condições estruturais, essas vão continuar por muito tempo, mas muitas pessoas necessitem somente de uma orientação, saber como evitar uma doença e nisto estes médicos de fora poderão ajudar.
Outra coisa que é um mito é a propalada preocupação dos médicos com a saúde da população, se isto fosse verdade há muito tempo já teriam cuidado para ensinar seu pessoal a escrever ou obrigar a fazerem receitas legíveis, o que seria muito mais seguro para todos, porque algumas são atestados de analfabetismo, mostrando uma imensa desconsideração com os clientes. Obviamente que não são todos, alguns até emitem as receitas por computador, perfeitas.
Outro detalhe que mostra que inexiste preocupação com a saúde pública por parte dos conselhos de médicos é assistir todos os dias, em todos os canais de divulgação uma imensa quantidade de “curas” de doenças através de médiuns, pastores, padres, espíritas e milhares de instituições religiosas que mantém hospitais pentecostais, Centros de reabilitação de tumores, Centros de curas espíritas, tipo "Joao de Deus", onde verdadeiros criminosos estelionatários vivem de fraudes usando o nome da medicina para extorquirem os desavisados.
Nunca vi qualquer conselho de medicina desmascarar ou mesmo fazer qualquer denúncia destas fraudes curandeiras que são infinitamente mais perniciosas e falsas que os atendimentos que estrangeiros possam fazer. Ao contrário, assistem a disseminação e até capitalizam como dias atrás um médico bigodudo que se apresentou num programa Gospel representando o Conselho Federal de Medicina, do qual é presidente, dizendo que "milagres de cura de deficientes físicos, pelo sobrenatural religioso, é possível de ser constatado e provado”. Como pode um Conselho oriundo de meios científicos endossar tamanha besteira? Não custa lembrar que NUNCA existiu sequer UM CASO real, comprovado e assinado por laudos periciais.
Também é contraditório as entidades médicas daqui do RS fazerem suas propagandas em rádios e televisões usando insistentemente o slogan : “Não se faz saúde sem médicos”, mas se posicionam contra a vinda de mais médicos.
Os Conselhos de Medicina em vez de lutarem por reserva de mercado, deveriam se preocupar com sua liberdade ameaçada pelo governo que quer impor uma obrigatoriedade de os formandos dos cursos de medicina terem que trabalhar dois anos no SUS para poderem obter o Diploma. Se for para voltar a escravidão então deveriam iniciar obrigando os políticos a viverem por dois anos com salário mínimo antes de se diplomarem. Pronto, estaria resolvido o problema do Brasil.
Claro que os bons médicos brasileiros não devem temer a chegada desses outros profissionais da saúde, pois sabem e confiam na sua melhor qualidade profissional, não vejo motivo para sentirem-se ameaçados.
O governo sabe que existe carência de profissionais, só os conselhos dizem o contrário, então espertamente tenta capitalizar algum lucro nas eleições lançando esta contratação de estrangeiros.
Como o atual governo brasileiro tem um viés no anacrônico socialismo, existe o temor de que estes milhares de profissionais possam ser um “Cavalo de Troia” moderno para uma revolução bolivariana trazendo entre reais profissionais muitos pseudso-médicos para fazerem proselitismo. E argumentam mostrando que os brasileiros que foram estudar em Cuba foram indicados por movimentos de criminosos aliados do governo como o MST e outros. Também existe alguma lógica em lembrar que o totalitarismo cubano começou, justamente, nas periferias e regiões carentes, que são lugares estrategicamente bons para iniciar alguma movimentação, pois são povoados por pessoas ignorantes, carentes e passíveis de sofrerem alguma lavagem cerebral, assim como ocorreu na Sierra Maestra.
De qualquer forma a conta governamental mais parece uma farsa, pois os números não são confiáveis. Vejam porque:
Existem apenas DUAS Universidades de Medicina em Cuba: “La Habana” que forma em torno de 200 por ano e a “ELAM - Escuela Latino Americana de Medicina” que forma em média 100 por ano, ou seja: são 300 formados por ano. Para ter seis mil disponíveis seria a formação de 20 anos. É incompreensível que existam tantos médicos sobrando.
Eu como usuário particular dos serviços médicos vou optar sempre pela qualidade dos nossos profissionais, não pretendo usar nunca algum estrangeiro trabalhando aqui, principalmente cubanos, mas não tenho absolutamente nada contra sua vinda.
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