Carlos Mello
22/01/2014 | Saudades de um amigo que partiu.
Esta croniquinha é para homenagear as amizades e sua importância na nossa vida e o imenso vazio que se sente com a perda.
No início do verão de 1983, o Gerson Noé, um amigo de infância que morava em São Paulo estava na sala de espera de uma revenda de motos esperando o resultado de uma revisão, enquanto esperava ficou conversando com um cara que estava também aguardando porque iria fazer, ele e um amigo, uma viagem de moto pelo norte e nordeste do Brasil, como isto era um sonho antigo, a conversa evolui para ele ir junto e me colocou no projeto.
Resultado: Na terceira semana de janeiro daquele ano, Pedro Celso Palermo, empresário. Pedro Rubens, fotógrafo da Empresa Abril. Gerson Noé, especialista em informática, e Carlos De Mello, assessor parlamentar, formamos um grupo de viagem.
Pedro Celso, Pedro Rubens e Gerson saíram de São Paulo e foram me buscar em Brasília, onde eu morava.
Dali saímos, em quatro CB400, para Anápolis e pegamos a estrada Belém Brasília, levamos dias curtindo cidadezinhas como Ceres; Uruaçú; Porangatu, Gurupi; Araguaina; Tocantinópolis; Imperatriz e outras, ainda com direito a trechos pela Transamazônica, visita a aldeia de índios e ao garimpo de Serra Pelada no Pará. Até chegarmos a Belém. Depois de alguns dias voltamos para a estrada e passamos por São Luiz no Maranhao, Teresina, Fortaleza, Natal, Joao Pessoa, Recife, Maceió, Aracajú, Salvador, Ilhéus, Porto Seguro até Vila Velha, já no Espírito Santo. De Vila Velha, me separei do grupo e voltei sozinho por Belo Horizonte para Brasília.
O combinado foi que nas capitais e lugares que gostássemos ficaríamos pelo menos dois dias em cada, pois era um passeio e não um rali, isto foi mantido. Ao todo foram 25 dias e aproximadamente 11 Mil Km, valeu cada dia e cada Km rodado.
Desta viagem ficou uma grande amizade com o Pedro Celso Palermo, uma pessoa maravilhosa, iluminada em tudo, dessas que sempre se está sentindo falta. Ele sempre dizia que esta viagem foi a coisa mais gostosa que ele fez na vida, era uma referencia para qualquer tipo de viagem que fazia.
Eu moro em Porto Alegre e ele em São Paulo, por isto a distância não permitia tantos encontros quanto queríamos, mas quando ocorriam eram de muita alegria. Era dessas pessoas que gostaríamos que morasse próximo, era uma necessidade sua amizade.
A última vez que estivemos junto foi em março de 2013, estava combinado de ele vir nos visitar aqui em Porto Alegre para fevereiro de 2014.
Sexta, dia 17 de janeiro 2014, Pedro Celso teve um ataque cardíaco fulminante e faleceu, estava com 59 anos.
Tem uma frase que mostra bem o que se deve esperar: Os bons vão primeiro.
Nós humanos sentimos saudades de várias coisas passadas, como por exemplo alguma idade que nos foi boa, de viagens e passeios, de lugares, de casas, carros, e principalmente de pessoas, mas esta saudade é bem diferente, porque as outras, pelo menos teoricamente, se pode de algum modo revê-las ou refaze-las, mas as de pessoas não tem como fazer nada. A única coisa que ficam são as lembranças e a dor da saudade.
A vida é finita e a morte é o fim de tudo, não existe nada além disto. Os religiosos gostam de se enganar com a maravilhosa ideia de que um dia iremos encontrar todas as pessoas de quem gostamos em algum lugar, que estas pessoas vão estar exatamente como queríamos e então viveremos felizes por toda uma eternidade.
A verdade é cruel e não consoladora e maravilhosa como as mentiras.
As únicas coisas ótimas que ficam são as lembranças, o problema é que machucam a cada vez que as revivemos. Mesmo assim, são as melhores coisas que ficam das pessoas que amamos e já partiram.
Na foto, eu e o Gerson, companheiros de viagem de 1983, com a mensagem que enviamos à família do amigo Pedro, e que postamos no seu espaço do Facebook.
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