Carlos Mello
11/01/2012 | Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
* Adaptado da publicação de Valmidênio Barros em 05/01/2012
Num intervalo de meu curso na Faculdade, um colega de classe, militante esquerdista, interrompeu a animada conversa do grupo com o famigerado grito de guerra “O povo! Unido! Jamais será vencido!”, e começou a distribuir a propaganda política do partido dele. Eu me recusei a receber os panfletos, porque nunca soube de nenhum cidadão norte-americano que tivesse improvisado uma balsa e enfrentado um mar repleto de tubarões para ir tentar a vida em Cuba. E, por conta disso, ele me chamou de alienado. “Tu és um alienado!”, ele disse. E eu fiz, então, a pergunta fatídica, aquela que assusta os despreparados e enfurece os imbecis (neste caso se arrisca até a integridade física).
“Por quê alienado?”.
Ele me respondeu, já alterando a voz e iniciando um arremedo de discurso, que eu era alienado por não querer “me envolver com política, não querer conhecer as propostas, nem conhecer os ideais do comunismo”. E aí já se percebe como é poderoso o dom da retórica e da eloquência, pois mesmo um completo imbecil ou um padre molestador de criancinhas ainda pode enganar a muitos e se passar por “entendido” ou por “santo”, conforme o caso. Basta saber falar bem e com uma fluência que disfarce a sua total falta de conteúdo, de moral e de argumentos.
Quando ele, enfim, terminou o discurso desprovido de conteúdo que tinha improvisado para os colegas incautos, resolvi perguntar se ele sabia alguma coisa sobre o homem cuja imagem estampava sua camiseta vermelha.
- “É Che Guevara, porra!”
Então perguntei se ele sabia alguma coisa além do nome do cabeludo de boina que ele trazia no peito.
- “Che Guevara foi um herói da revolução cubana; foi um guerrilheiro que liderou a rebelião que libertou Cuba de um ditador filho da puta!”.
Como vi que ele não iria discutir e estava acompanhado de mais alguns “companheiros” resolvi encerrar a conversa por ali mesmo, e não quis saber qual era a definição de “liberdade” que ele tinha lido no dicionário.
Achei interessante como a cabeça dos jovens são sugestionáveis e com isto acabam eternizando alguns mitos.
Um universitário de classe média, em pleno gozo de suas faculdades mentais, abraça uma causa já falida no mundo todo e se veste propagandeando numa camiseta um mito que ele desconhece completamente.
Che Guevara nunca foi um herói. Foi um guerrilheiro desmiolado, um assassino covarde, um líder militar desastrado e incompetente, que se não fosse a admiração indevida que despertou em Fidel Castro, teria sido executado antes mesmo do fim da revolução, que se propunha a depor um ditador e instalar uma democracia. Mas, como mostrou a História, havia um golpe dentro do golpe. Quando os líderes da revolução que depuseram o ditador cubano Fulgêncio Batista, em 1959, souberam que haviam lutado não para livrar Cuba de um ditador, mas apenas para substituí-lo por outro, foram presos ou exterminados por “heróis” como Che Guevara.
Ernesto Rafael Guevara de la Serna era filho da alta burguesia argentina, que, por algum motivo, tomou como hobby sair por aí se envolvendo em guerrilhas, com carta branca para matar quem não estivesse de acordo com sua visão de mundo. Estivesse lutando por ideais religiosos, certamente teria aplaudido de pé os mártires que pilotaram os aviões até as torres gêmeas de Nova Iorque. Porque só há uma coisa que os fanáticos veneram mais do que morrer por um ideal: É matar por ele.
A imagem de Che Guevara é um ícone. Mas pergunte a um jovem que esteja exibindo na camiseta, ou num pôster colado na porta do quarto: Um ícone “de quê?”. E as chances são de que seja comprovada a teoria de quão imbecilizantes podem ser os cultos cegos a pessoas simplesmente devido a força do marketing, sem que seus adoradores se dessem ao trabalho de conhecer quase nada além dos seus nomes e do que “os outros” disseram sobre essas pessoas. E, às vezes, sem que tenham sequer existido.
Não estou dizendo para não serem esquerdistas, mas que sejam pelo menos informados, não sejam copiadores de utopias.
A analogia com a religião é automática. Pergunte a um pregador ou crente fanático se ele sabe tudo sobre seu livro sagrado além dos trechos que lhe indicaram para ler. Certamente não sabem, pois quando souberem, e tiverem um pouco de discernimento, verão que foram enganados, se seguirem a razão irão abandonar estas crendices ou continuarão se enganando por conta da dificuldade de se livrar do estupro mental que lhes foi imputado na infância por seus pais.
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