Carlos Mello
22/08/2012 | A noite de São Bartolomeu. O massacre abençoado.
Mais uma parte da história que os católicos nunca contam nas suas aulas de catecismo e também não conseguiram apagar.
Data: 24 de agosto de 1572.
Fato: Mais de 3 mil protestantes foram brutalmente assassinados pelos católicos numa só noite. Estes assassinatos continuaram por meses resultando na morte de 70 a 100 mil pessoas no total.
No século 16 quem comandava de fato a França não era o Rei, mas sim a Igreja católica, ela estava totalmente infiltrada na nobreza. Não existia Estado Laico naquela época.
A reforma protestante era olhada com desconfiança pela monarquia francesa que temia uma diminuição do poder nas mãos dos nobres.
Ocorre que a reforma era uma contestação ao exagerado poder da Igreja Romana, que roubava tudo que podia do populacho. O aparecimento de um movimento que fizesse qualquer contestação era visto como inaceitável para os católicos franceses, que deveriam ser uns 90% da população.
Como religiões nunca foram exemplos de tolerância e convivência, os católicos e protestantes sempre estavam se matando por qualquer coisa. O sonho de qualquer religião é acabar com a concorrência já que sempre acham que a sua é a única verdadeira. E esta chance apareceu para os católicos e não foi desperdiçada.
A Franca era governada por um rei de 22 anos, Carlos IX, um grande incompetente que não conseguiu resolver os conflitos religiosos e era dominado pela mãe Catarina de Medicis, que era quem de fato governava.
Para amenizar os conflitos religiosos a casa real francesa, comandada pela rainha-mãe Catarina, fez um pacto de não agressão com os protestantes, que eram da linha Calvinista, eram chamados de huguenotes. E neste pacote de boas intenções colocou um conselheiro calvinista, almirante Coligny, para seu filho, o Rei Carlos IX, e ofereceu sua filha e irmã de Carlos IX, Margot, em um casamento arranjado com protestante Henrique de Navarra. Mas os nobres católicos franceses observavam com muita desconfiança o casamento, que foi realizado na Catedral de Notre Dame.
Poucos dias depois do casamento, a rainha e alguns nobres tramam uma atentado contra o conselheiro almirante Coligny, mas não funciona e o almirante fica apenas um pouco ferido.
Mas este atentado abala a frágil trégua combinada, Os católicos espertamente espalham boatos de que os huguenotes estariam preparando vingar-se do atentado, e o rei, que primeiramente fica ao lado de seu conselheiro, por pressão de sua mãe Catarina, resolveu usar seu amor cristão e ordena a execução de Coligny.
Depois dessa execução resolveu fazer um trabalho completo. Ao amanhecer do dia 24 de agosto, manda o Henrique de Navarra parar com a lua de mel e dá o que os religiosos chamam de livre arbítrio, escolher entre a abjuração do protestantismo ou ser atravessado por uma espada. Não é difícil saber o que Navarra escolheu. Fora da sala deste encontro, para mostrar que não estava pra brincadeira, os amigos de Navarra são desarmados e passados ao fio da espada.
Primeiro matou todos os que estavam dentro do palácio. Depois convocam um fanático religioso chamado Claude Marcel, para organizar os chefes de bairro de forma a não deixar nenhum "desses ímpios" escapar.
A partir disso toda Paris é palco de uma carnificina que dura até o final de Agosto de 1572.
No dia 26, dois dias depois da largada para os assassinatos em massa, o rei Carlos IX se dirige ao Parlamento e é aclamado pelos parisienses.
Dois anos depois este rei morre, não de remorso, mas de tuberculose.
Henrique de Navarra, o que não teve uma lua de mel abençoada e teve que “optar” pelo catolicismo, ficou quatro anos preso no Louvre, conseguiu fugir para a Espanha. Anos mais tarde se tornou rei da França e concedeu a igualdade de direitos políticos aos huguenotes.
O Papa da época, Gregório XIII, de tão feliz que ficou, agradeceu a Deus com uma missa Te Deum e mandou cunhar uma moeda comemorativa onde mostra anjos de espada na mão eliminando os infelizes opositores. Depois encarregou o pintor Giorgio Vasari de pintar um mural celebrando o massacre.
E ainda tem quem não queira que o Estado seja LAICO.
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