Carlos Mello
11/05/2011 | Só Hórus salva. Hórus é fiel.
Uma das características que deveria existir em todo ser humano é a capacidade de questionar e pensar. Quem não tem esta grandeza ou não a usa por medo de descobrir que foi enganado por toda a vida, por exemplo, substitui esta saudável faculdade pela fé cega. Porque esta não exige prova, é só aderir ao que foi apresentado como verdadeiro e pronto. Mas mesmo os possuidores desta pouca capacidade intelectual não têm argumentos para negar que uma inteligência aprimorada leva ao questionamento do que nos é apresentado como verdade inquestionável. Só em ser “inquestionável” já seria motivo para suspeitar de tal imposição.
Vejam esta descrição:
Existiu uma pessoa iluminada, que nasceu em 25 de Dezembro, de uma virgem, foi anunciado por uma estrela e acompanhado por três sábios, caminhou sobre as águas, foi batizado aos 30 anos, lutou quarenta dias no deserto contra as tentações de Satã, curou doentes e cegos, tinha doze discípulos, fazia parte de uma trindade divina, foi traído, crucificado e ressuscitou em três dias e era conhecido como Messias. Isto há 4500 anos atrás.
Se não fosse a época ser 2500 AC a resposta vinda de um cristão seria automática. Mas estas características são do Deus Hórus, ou Deus Sol, que nesta época existia na mitologia egípcia. Estranho que esta estória apareceria sendo imputada a Jesus nos testamentos bíblicos, milhares de anos depois.
Certamente que nesta época deviam existir escritos nas traseiras dos cavaloe e das carruagens dizendo “SÓ HÓRUS SALVA” ou “HÓRUS É FIEL” como convinha a um bom crente.
Há 3500 anos, ou seja, 1200 AC na Persia, (atual Irã), existia a lenda do Deus Mitra, chamado de “A Luz”. Também nascido em 25 de dezembro da virgem Aúra-Masda, teve 12 discípulos, fez milagres, morreu e ressuscitou no 3º dia.
Também na mesma época na mitologia romana existia o Deus Attis, nasceu no dia 25 de dezembro da virgem Nana; Attis foi atraiçoado, morto e também ressuscitado depois de três dias.
No século zero, estas estórias existiam em quase todos os mitos.
O disparate de nascer de mãe virgem era a mais comum, os mitos Hórus, Mitra, Attis, Krishna, Dionysio, Hercules, Zaratustra e outros tantos anteriores a Cristo invariavelmente nasceram de mães virgens.
Em 1936, um inglês conhecido como Lord Raglan escreveu um livro chamado “O herói” (The Hero) onde classificou 22 características comuns à maioria dos grandes mitos salvadores da humanidade, um tipo de “Padrão de Herói”. Jesus possui 18 das 22 características. Portanto nenhuma originalidade, só mais uma cópia.
Conforme Eusébio de Cesaréia (265-339 d.C.), que foi o supervisor da doutrina cristã (entenda-se criação da Bíblia), nomeado pelo imperador Constantino, em seu “Preparação do evangelho”, ainda hoje publicado por editoras cristãs como a Baker House, escreve que ”às vezes é necessário mentir para beneficiar aqueles que requerem tal tratamento”. Ou seja, a falsidade era utilizada com objetivo de promover o cristianismo. Pois necessitavam criar evidências a favor da estória que pregoavam.
A história humana, se considerada de forma científica, denota que os responsáveis por escreverem e testemunharem sobre os fatos relatados na Bíblia foram feitos por quem dificilmente seriam consideradas pessoas isentas, pois tiveram interesses religiosos e econômicos em prová-los. Por esta razão a ciência moderna, com as técnicas desenvolvidas, se recusa a dar créditos a documentos oferecidos pela Igreja, porque mostram que foram rasurados e adulterados visando suprir a ausência de documentação verdadeira. Também tem que ser considerado que a Igreja passou não menos de mil anos destruindo tudo que considerava contrário aos seus dogmas e interesses só deixando o que lhe favorecia.
O Papa Pio XII, o mesmo que ficou mudo, surdo e cego enquanto os nazistas trucidavam a Europa e evocou a pretensa “Infalibilidade papal” para definir o jocoso dogma da Assunção de corpo e alma da velha Virgem Maria aos céus, em 1955, falando para um Congresso Internacional de história em Roma, disse candidamente: “Para os cristãos, o problema da existência de Jesus Cristo concerne à fé, e não à história”.
Sem dúvida ele estava completamente certo! Fé cega, poderia ter melhor complementado.
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