Carlos Mello
13/06/2012 | História que os cristãos não contam.
Que a Igreja SEMPRE foi contra TUDO que represente qualquer progresso não é nenhuma novidade. Na idade média o pouco desenvolvimento que surgiu nas artes e arquitetura eram voltados ao interesse religioso, qualquer coisa fora deste universo era considerado heresia ou coisa parecida e motivo para ser assassinado de forma cruel para servir de exemplo, porque somente a ameaça do inferno às vezes não surtia o efeito desejado. Por isto nesta época as pinturas sempre mostravam motivos religiosos e o que mais se construiu foram catedrais e palácios.
Aqui um exemplo de como eles tratavam os seus próprios companheiros de hábito. Imaginem como faziam com os outros.
O poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare é considerado o maior escritor do idioma inglês e por este motivo é sempre lembrado. Mas meio século antes dele existiu um outro William, com sobrenome Tyndale, teve um final triste porque ousou fazer uma coisa simples, resolveu inovar.
William Tyndale nasceu na Inglaterra em 1494, aos 21 anos (1515) graduou-se na Universidade de Oxford, onde estudou as Escrituras no Hebraico e no Grego. Quando tinha 30 anos, teve uma idéia maravilhosa, mas estúpida para a época, pensou em fazer a tradução da bíblia para o seu idioma, o inglês, objetivando poder ser lida por todos, desde o camponês até os nobres, na sua própria língua.
Naquela época, em que a reforma protestante iniciada na Alemanha por Lutero se espalhava pela Europa, os católicos desesperados com a perda de controle, proibiam de forma ameaçadora, como é seu costume, de qualquer pessoa fora do clero lesse a Bíblia, pois acreditavam que o povo simples não podia compreender os sagrados escritos, e espertamente precisavam de “ajuda”. A interpretação era feita segundo a sua conveniência, tanto para fins políticos como financeiros. Engraçado que até hoje continua parecido, pois sempre querem “interpretar” o óbvio.
Para terem uma idéia da “democracia” católica, até crianças não poderiam recitar o “padre nosso” que não fosse em latim, pois arriscava seus pais serem condenados á fogueira.
A história desse homem inteligente não foi fácil, pois teve que fugir para a Alemanha, onde efervescia a reforma protestante, para poder realizar seu intento.
Mas as garras da Igreja o perseguia com ódio, incluindo o rei de seu próprio País, o Henrique VII.
Ele conseguiu traduzir todo o novo testamento, finalizando esta parte em 1535. Com esta conclusão, Tyndale iniciou a tradução do Velho Testamento, porém não viveu bastante a ponto de terminá-la.
Com suas traduções estavam chegando a toda Europa, apesar dos incêndios promovidos pela Santa Madre Igreja, ele foi feito prisioneiro na atual Bélgica em maio de 1535, foi levado a um castelo perto de Bruxelas onde ficou aprisionado por mais de um ano.
William Tyndale, foi condenado à morte pela petulância de ter disponibilizado as Escrituras no idioma inglês.
No dia 6 de Outubro de 1536, tinha 42 anos, foi estrangulado e logo após queimado na estaca em público. Suas últimas palavras antes de morrer foram, ingenuamente: “Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra.”
Um dos documentos mais tristes da história da igreja, e do mundo, é uma carta escrita em Latim, feita por Tyndale, para o governador de Vilvorde, o Marquês Burgon, que demonstra todo o “amor cristão” da prisão em que passou mais de ano, onde não supriam nem suas necessidades básicas. A carta, escrita no inverno de 1535, não tem nem data nem inscrição.
A carta:
"Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim.
Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito frio na cabeça e sou afligido pelo contínuo catarro, que aumentou muito nesta cela.
Também uma capa de inverno, pois a que tenho é muito fina; também uma peça de roupa para agasalhar minhas pernas. Meu sobretudo está gasto; minhas camisas também estão gastas. Ele tem uma camisa de lã e por favor, ma envie. Também tenho com ele perneiras de pano grosso para usar por cima. Ele tem também toucas quentes de dormir. Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro.
Mas, antes de tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para que eu aproveite o tempo estudando. Em compensação Vossa Senhoria possa conseguir o que mais deseja, contanto que seja apenas para a salvação de sua alma."
Praticamente um bilhete, mostrando o sofrimento a que eram submetidos os que contrariavam o que a Igreja considerava suas verdades, este mártir ilustre solicitou praticamente migalhas para enfrentar as noites frias, escuras e úmidas de sua solitária.
Histórias como esta, que mostram o quanto a Igreja é destituída de sentimentos humanos, faz pensar em como conseguiu chegar até nossos dias e ainda ter seguidores.
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