Carlos Mello
25/09/2013 | Revolução Farroupilha – Algumas Verdades.
A revolução farroupilha foi um movimento do povo gaúcho que, em nome da liberdade, se rebelou contra o Império instalando uma República e que depois de 10 anos de lutas acabou vencido, retornando a monarquia.
A história não é bem essa. Naquela época não existiam mobilizações populares, quem liderava os interesses no pampa eram oligarquias formadas por grandes latifundiários, e foram estas elites que se revoltaram, não exatamente interessadas no bem estar do povo, mas sim em seus próprios, devido serem espoliadas através de exorbitantes impostos cobrados pelo Império aos produtos gaúchos.
Os revoltosos, em sua fase inicial, somente queriam forçar o governo imperial a decidir-se por uma solução federalista que desse maior autonomia econômica e política para esta Província e não queriam uma república, a ideia republicana foi uma evolução do movimento. Isto fica claro no manifesto lido pelo caudilho Bento Gonçalves cinco dias após o início da revolução:
“(...) não nos propusemos outro fim que restaurar o império da lei, afastando de nós um administrador inepto e faccioso, sustentando o trono do nosso jovem monarca e a integridade do império.” E findava assim: “Viva a integridade do Império! Viva a união brasileira! Viva o Sr. D. Pedro I, imperador constitucional do Brasil! Vivam os riograndenses! Viva o dia 20 de setembro!”
Todos os livros que relatam esses dez anos de revolução fazem muita referência a caudilhos oligárquicos, sem considerarem que muitos deles eram simples mercenários que foram romanceados pelos historiadores.
Esta revolução teve acertos e erros e, infelizmente no final, não revolucionou nada e terminou num acordo (Acordo de Ponche Verde) onde os ideais revolucionários foram traídos pelos caudilhos, entre os quais se destaca Bento Manoel Ribeiro, que começou ao lado da Revolução, passou a apoiar o Império, voltou para a Revolução e terminou defendendo o Império, ajudando o monarquista Duque de Caxias, e traindo ex-companheiros no caso conhecido como o Massacre de Porongos.
Fazia parte do acerto, entre os revoltosos e o Império, não haver punição entre os caciques farroupilhas, e após receberem indenizações do governo, estes republicanos de ocasião, vergonhosamente voltaram a ser senhores de escravos e servir ao exército imperial com direito ao mesmo posto angariado na revolução.
Estes coronéis, que são mais traidores do que heróis, são homenageados com nomes de logradouros públicos por todo o Rio Grande do Sul.
Mas isto pertence ao passado, mesmo com detalhes que alguns historiadores preferem esconder, existiu muito heroísmo realizado por quem não aparece nas listas oficiais e que acreditaram e lutaram pela República e por liberdades, então atualmente o que vale é comemorar a Pátria gaúcha.
Erros são admissíveis numa era de conquistas, mas não deveriam ser glorificados. Vale lembrar que na mesma época os EUA estavam se consolidando como a futura maior potência do planeta, expandindo seu território numa guerra com o México e, no nosso vizinho Uruguai, que tinha recém se libertado do Império brasileiro, ocorria uma guerra entre dois caudilhos, representados pelos grupos Blanco e Colorado.
Com o passar dos anos, os ideais revolucionários foram sendo lembrados pelos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), que parecem não aceitar uma derrota, mas sim a perda de uma batalha apenas, e que num futuro a República Riograndense possa existir.
Depois de 44 anos do término da revolução, em 1889, o decrépito Império tornou-se uma república, quem sabe imitando o projeto da revolução, mas continuamos atrelados a este imenso paquiderme corrupto, atrasado e caríssimo de ser sustentado chamado Brasil.
Restaram as nossas tradições, nossa cultura gaúcha e principalmente o sentimento de que vivemos numa Pátria Gaúcha onde cantamos nosso hino com mais orgulho do que o nacional. Estamos nesta situação por imposição e não por opção como alguns afirmam, nós ainda não tivemos a chance opinar sobre isto, certamente porque sabem o que queremos.
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