Carlos Mello
07/11/2012 | Cientistas no tribunal da Inquisição em pleno século 21.
A ciência vive de dúvidas, esta é a maneira de se confirmar o que se sabe e uma abertura para o aperfeiçoamento do conhecimento. Quando tem certeza de alguma coisa, isto é dito com clareza, sem subterfúgios, apesar das evidencias, nenhum cientista afirma com certeza de que não existe vida em Marte, por exemplo. Assim muitas áreas da ciência não têm certeza para fazer previsões, apesar de existirem estudos a respeito, isto se aplica a mudanças de clima, furacões, tsunamis e terremotos, entre outros. Isto porque a ciência não domina a crosta terrestre, não tem como mapear o centro da terra, não existe possibilidade de serem colocados sensores nas camadas abaixo da superfície.
Isto é exageradamente lógico, e mesmo assim um tribunal italiano, o que seria normal na época da inquisição, condenou recentemente alguns cientistas e especialistas a seis anos de prisão por homicídio culposo pelo crime de não terem previsto um terremoto que destruiu a cidade de L’Aquila em 6 de abril 2009, região que sofre sismo há milênios.
O tribunal, depois de perder um ano discutindo o assunto, chegou a conclusão de que “Os cientistas deram informações inexatas, incompletas e contraditórias”. Dessa forma teriam subestimado a possibilidade de ocorrer um terremoto de grandes proporções, e esta imprecisão fez com que as autoridades não tomassem a devidas providências.
Se uma decisão deste tipo tivesse partido de uma tribo de índios ou aborígenes, continuaria sendo risível, mas seria aceitável devido ao grau de conhecimento cientifico desse grupo, mas vindo de magistrados de Países tido como civilizados e em pleno século 21 é inacreditável.
Não pesquisei sobre o assunto, nem perderia tempo nisso, mas tenho certeza de que nenhum cientista ou técnico afirmou que NÃO HAVERIA TERREMOTO, pelo fato de que, atualmente, a Ciência NÃO TEM COMO PREVER UM TERREMOTO.
Se não existe um método científico que possa prever terremotos, como um tribunal consegue condenar pessoas porque não fizeram o impossível?
E Porque os cientistas, se tivessem o poder de preverem, como deve ter suposto o tribunal, teriam deixado de informa às autoridades? Para assistirem pessoas perderem suas casas e vidas?
É curioso como este tipo de tribunal nunca apareceu para julgar os que propagam os dogmas religiosos que dizem com certeza que Jesus voltaria e nunca voltou, que quando morrer se irá para o Paraíso e nunca alguém confirmou isto.
Se for para buscar culpados deveriam condenar Deus, pois pelo que acreditam, foi quem provocou o terremoto!
Apesar de condenarem cientistas pela não previsão do terremoto, contraditoriamente talvez isto seja um elogio à ciência, porque provavelmente eles acreditem que os cientistas podem tudo e acreditaram em algum tipo de infalibilidade da Ciência.
As cabeças pensantes do planeta devem incluir com mais relevância, nos currículos escolares o que são e como funcionam os métodos científicos.
Isto também é necessário para tirarmos a excessiva posse da palavra da ciência onde qualquer pessoa quando quer validar seu ponto de vista afirma se basear em algum “método cientifico” quando na verdade na maioria das vezes apresentam fatos que são baseados em sua fé e não em qualquer comprovação.
O que deve ter ocorrido, é o mesmo que acontece aqui neste lado do oceano com a criação do sistema de cotas, trata-se de uma justiça politizada e populista. Precisavam de um bode expiatório efêmero, e para isto os cientistas são perfeitos. Provavelmente irão ganhar no recurso devido ser uma palhaçada grosseira, mas até lá os julgadores conseguiram seu intento que é de acalmar ao populacho ignorante da área e seus familiares, mesmo a custa das risadas das pessoas do resto do mundo.
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