Carlos Mello
12/06/2013 | O feto ateu e o feto crente.
Recebi solicitação de alguns leitores deste espaço para comentar uma interessante parábola da conversa de dois fetos no útero da mãe conversando sobre a existência ou não do “Paraiso” que o Orlandini tinha colocado em 21 Jan 2013, sob o titulo “O cético e o lúcido”
Até parece que foi combinado, pois o Orlandini colocou novamente ontem.
Vou repetir o texto somente para não dar a impressão de estar faltando uma parte desta cronoquinha:
No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Tu acreditas na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída – o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, tu podes ouvi-la cantando, ou sentir como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…
Comentário:
Primeiro tenho que admitir que para quem acredita em cobra e burro falante aceitar um diálogo entre dois fetos, apesar de continuar num mundo fantasioso, não deixa de ser uma imensa evolução.
Neste contexto de metáfora religiosa o útero representa a Terra e os bebês os seres humanos, com esta analogia o diálogo explora o lado emocional para fazer uma apologia religiosa, mas como todas, sem qualquer lógica.
O “público ovelha” não se dá conta que seria muito mais simples apresentar uma HISTÓRIA REAL e mostrar provas. Como não existem histórias verdadeiras ou qualquer prova nas religiões, então insistem em contar fábulas e no fim dizer:
“Tá vendo só? O feto também não acreditava…”
Por ser uma analogia, temos que considerar que a mãe é DEUS.
Então haveria outros deuses? Estariam aceitando o politeísmo?
Existem outros úteros (planetas)? Sim, bilhões deles. Então não somos únicos?
A mãe dos bebês tem uma mãe? Sim, então quem teria criado Deus?
Se os dois fetos são tão inteligentes a ponto de manterem um diálogo, deveriam notar que eles estavam crescendo, as células realizando mitose, aumentando de tamanho, desenvolvendo órgãos e assim não iriam mais caber naquele espaço. Qualquer análise simples não deixaria dúvidas que estavam de passagem. Estas observações chamam-se EVIDÊNCIAS, exatamente o contrário dos crentes em deuses, onde não existe sequer umazinha evidência do que afirmam.
Também acho forçado demais usarem duas situações completamente diferentes, pois o nascimento é o início da vida enquanto a morte é o fim de uma vida, então fazer uma analogia com estes extremos não tem como, a não ser que a pessoa acredite que ao morrer estará indo para uma vida melhor, se fosse assim não poderiam agirem de forma contraditória e se desesperarem com a ideia de morte, deveria ser o contrário.
Outro detalhe é que realmente a mãe pode realizar um contato com os fetos e eles podem notar sua presença, até correções cirúrgicas se faz em fetos. Bem o contrario do amigo imaginário que nunca se manifestou.
No fundo os religiosos adorariam que o bebê fosse crente desde o ventre, pois se pudessem começariam a lavagem cerebral neste estágio.
No mundo real estas historinhas e fábulas ficam bem somente no campo literário.
O Orlandini fez um comentário muito feliz no final ao dizer que é um eclético, um liberal que aceita o contraditório, que não somos iguais, por isto acreditar ou não em algo não pode ser por imposição.
Perfeito, quem quiser acreditar em alguma coisa que assim seja, mas nunca se deveria forçar as outras a acreditar em suas verdades.
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