Carlos Mello
24/10/2012 | A parte ridícula do idioma português.
Poucas pessoas param para pensar sobre o que falamos todos os dias, se tem lógica. Não me refiro de estar ou não correto, já isto é uma questão de legalizar, mas sobre a lógica, sobre a racionalidade de um costume.
Já se deram conta que quando dissemos A televisão, A montanha, A viagem, que estamos determinando o sexo feminino para estas coisas? Onde que televisão, montanha ou viagem tem algum órgão reprodutor feminino? Porque feminino?
A mesma coisa quando imputamos o sexo masculino para O celular, O computador, O vestido, O café, etc.
Tenho uma neta, com sete anos, que nasceu e mora na Austrália. Lá ela freqüenta escolas desde os quatro meses de idade. Mas seus pais (minha filha e genro, ambos brasileiros,) falam o português em casa, por causa disto ela tem um bom domínio do nosso idioma.
Agora em Outubro, vieram para passar três meses com a família. Como não quiseram que ela perdesse o ano letivo, a colocaram, neste final de ano, no Colégio Americano de Porto Alegre.
Então na entrevista foi solicitado que dessem ênfase ao aprendizado de português porque ela não estuda este idioma, e se fosse possível que ensinassem a usar os artigos definidos e indefinidos de forma correta porque ela não consegue usá-los seguindo algum raciocínio lógico.
A professora explicou que esse problema ocorre com todos os alunos estrangeiros e não tem como acertar a não ser decorando. Isto porque NÃO EXISTE REGRA NEM QUALQUER LÓGICA RACIONAL para este absurdo.
O problema é quando se tenta corrigir alguma coisa e ela faz uma coisa terrível, que é perguntar “porque?” Como explicar porque o celular é feminino e o vestido é masculino? Qual a regra? Qual a lógica? Pois estas coisas são ASSEXUADAS.
A pior resposta que existe é dizer: “Porque é assim e pronto!” A criança aceita, assim como aceitaria um dogma religioso, pois sua mente aceita o que um adulto lhe diz.
Minha neta ainda questionou que para um animal ela simplesmente olha e diz se é macho ou fêmea e que só pergunta quando é difícil de visualizar, como um passarinho ou uma mosca por exemplo, mas para objetos como fazer?
Explicamos que em português é assim. Ela acabou com nossa nenhuma racionalidade quando perguntou então se poderia chamar de Senhora televisão ou Senhor computador por exemplo.
Nenhum purista ou apaixonado por este idioma lusitano faz qualquer defesa racional para este disparate, não tem como fazer.
Eu me lembro de que quando era guri, sou de São Leopoldo-RS, área de colonização alemã, que ríamos quando alguém da “alemoada” trocava o gênero do artigo definido, por exemplo dizia A armário, A carro, O parede, O batata.
Só anos mais tarde fui me dar conta que nós é que éramos os ridículos dando sexo para coisas. Eles até tentavam, mas não podiam saber o que é impossível: Que coisas não tem sexo.
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