Carlos Mello
15/10/2014 | Como nascem os mitos.
Milhares são os mitos que a humanidade acredita sem nunca questionar, felizmente estamos numa época de pesquisas em que não se aceita verdades sem justificativas, e assim muitas dessas crendices, quando estudadas, se mostram falsas.
Esta é sobre a “superioridade” dos violinos Stradivarius.
Quase todos violinistas tem a certeza de que estes famosos violinos, fabricados pela família Stradivari nos século 17 e 18, tem uma sonoridade superior. Foram construídos cerca de 1.100 instrumentos. Calcula-se que existam cerca de 450 violinos.
Nestes últimos três séculos entendidos e cientistas gastaram tempo estudando os instrumentos, são vários trabalhos que analisaram a madeira, o tratamento utilizado, o verniz que o recobre, o formato, o som emitido, etc. e conseguiram, depois de três séculos, chegar a nenhuma conclusão sobre esta suposta superioridade destes instrumentos que os atuais.
Um bom filme sobre isto é “O Violino Vermelho”
Uma das coisas maravilhosas de se viver numa época em que predomina o conhecimento cientifico é que todas as hipóteses poder ser testadas e comprovadas ou não. Geralmente quando o resultado não aprova o que se aprendeu como verdade não é aceito, mas isto é um problema pessoal, a verdade está à disposição para que queira.
Uma das mais honestas formas de se testar este tipo de crença ou hipóteses é o chamado "teste cego".
A Pepsi-Cola foi uma das pioneiras a usar este método para desmascarar um mito. Na década de 1980, numa propaganda bem feita, ela oferecia dois copos, um com Pepsi e outro com Coca-cola a quem se dizia gostar da Coca. Pedia que escolhessem o copo que continha sua bebida preferida. A propaganda alardeava na TV que pelo resultado do teste que 90% dos fãs de Coca-Cola preferiam Pepsi. Na época houve protestos e ações promovidos pela Coca, mas depois de algumas demonstrações com este teste, a Coca achou melhor “esquecer” de manter alguma ação.
Com esta mesma intenção de comprovar ou não, alguns experts fizeram o que em séculos vários cientistas não conseguiram explicar, isto porque descobriram que simplesmente não tinha o que explicar. Olhem o que fizeram:
Recrutaram dez violinistas profissionais respeitados, e propuseram um desafio. Eles teriam de escolher, entre 12 violinos, o que achassem com melhor sonoridade.
Cada um dos concertistas ficou com os 12 violinos por 75 minutos e depois tiveram a oportunidade de refazer os testes em uma sala de 300 lugares, considerada uma das melhores em acústica da Europa.
Entre os 12 violinos apresentados aos solistas estavam 6 antigos, sendo 5 Stradivarius, e seis recentes fabricados por artesãos americanos e europeus que custam entre US$ 50 mil e US$ 100 mil.
Para impedir que os solistas examinassem os violinos visualmente, eles usaram óculos bem escuros e as salas foram mantidas com o mínimo de luz.
Os resultados foram surpreendentes. Seis dos dez solistas escolheram violinos modernos como os melhores.
Um dos violinos recentes foi, de longe, considerado o melhor, seguido de perto por outro dos novos.
Dois dos violinos antigos ocuparam a terceira e quarta colocação.
Além disso, os violinos foram classificados quanto à sua articulação, timbre, facilidade de manuseio, projeção e intensidade do som. Os recentes também venceram.
Finalmente foi solicitado aos solistas que estimassem a idade dos violinos. Os novos foram classificados como antigos.
O estudo mostra que quando se faz uma análise cientificamente honesta, eliminando os efeitos indutivos das premissas viciadas, fazendo valer somente o que nossos sentidos nos informam, os resultados são completamente diversos do que a propaganda dissemina como verdade.
Conclusão:
Os solistas que preferem instrumentos antigos são influenciados somente pelo mito. Quando essa influência é removida, a superioridade dos instrumentos modernos fica evidente.
Fontes:
http://www.pnas.org/content/early/2014/04/03/1323367111
Neste aqui para baixar em PDF com as preferencias individuais dos solistas.
http://www.pnas.org/content/suppl/2014/04/04/1323367111.DCSupplemental
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador