Carlos Mello
05/11/2014 | Separatismo Já!
Há uns trinta e cinco anos eu frequentava um grupo de separatistas, todos de bom nível, que fazíamos especulações sobre como funcionaria a República Rio-grandense. Cada dois ou três integrantes se ocupava de uma área, como os três poderes, Segurança, Educação, Comércio, Indústria e Economia.
Eu abordava a parte econômica, planejava moeda a ser utilizada, investimentos, gastos, importações e exportações, etc. E defendia como ideia básica de que o maior salário no funcionalismo público, incluindo todos os espertos apêndices, não poderia, em nenhuma hipótese, ultrapassar em dez vezes o Salario Mínimo. Também defendia um parlamentarismo e a existência de um tipo de salvaguarda contra estelionatos eleitorais que punisse ou impedisse de continuar governando qualquer um que não cumprisse o que prometeu ou se desviasse do projeto que o elegeu.
Tínhamos a certeza de que em no máximo em vinte anos estaríamos entre os países de primeiro mundo.
Reuníamo-nos uma vez por semana em um tabelionato que ficava na frente do Pronto Socorro Municipal de Porto Alegre e tínhamos apoiadores em várias mídias, a maior apoiadora era a Rádio Liberdade.
Mas era uma época de ditadura e os militares vieram em cima com proibições, ameaças e impedimentos, essas coisas típicas de ditadores covardes. Eu saí do grupo em novembro de 1981 porque fui morar fora do RS. Mas a ideia de um dia podermos ser um País de primeira qualidade não se desvaeceu nunca, principalmente porque é a única forma de progredirmos.
Esta introdução é para mostrar que a ideia de separatismo, que parece ter sido descoberta agora no Brasil, como óbvia para todos melhorarem, para nós gaúchos não é nenhuma novidade.
Após esta eleição em que a metade do Brasil, que vive de auxílios, elegeu sua presidenta em detrimento da outra metade, que sustenta estes auxílios, ficou claro que a política divisionista perseguida pelo ex-presidente Lula, do “nós contra eles” não estava errada, e deixa claro que estamos cada vez pior, que este Brasil gigantesco não deu certo, é como insistir num casamento onde existem traições, mentiras e um vive à custa do outro. Não tem como, o melhor é o divorcio. E urgente.
A situação em segurança, saúde, economia e educação estão tão ruins que aparecem ideias de todo tipo, como reforma política, criação de conselhos populares, Impeachment. Algumas se voltando ao passado como uma intervenção militar e até um retorno à idade média como uma ridícula monarquia. São todas ideias que piorariam. Ideia tem que apontar para o futuro, e entre estas a única é o separatismo.
Separar o Brasil em Países menores seria ótimo para todos, inclusive o Nordeste, isto porque primeiramente os custos de manutenção da imensa e incompetente máquina pública federal reduziria a carga tributaria à metade, o que inclui todos os produtos que são consumidos e fabricados no Sul e Sudeste, porque se não ocorresse uma baixa significativa teriam a opção de comprar fora. E depois porque desapareceriam os imensos recursos destinados aquela Região mas que eternamente alimentam dinastias de “coronéis” não trazendo qualquer melhoria da qualidade de vida daquelas populações, tanto que mesmo depois de centenas de anos continuam amargando miséria, que é o que alimenta a corrupção e os políticos locais.
Para os Estados do Sul e Sudeste, se desvencilhar de Brasília, seria a chance de se chegar ao primeiro mundo em poucos anos.
Como tudo, uma separação tem vantagens e desvantagens, abordar todos os aspectos de ser uma nação com imensa área territorial e populacional seria longo, mas as vantagens de ser pequeno são muito superiores, pois atualmente, com a globalização em todos os sentidos, principalmente econômica, permite que qualquer comunidade possa se desenvolver sem necessidade de ser grande e pesada.
Além disso, fora os políticos de órgãos federais, que se tornam milionários devido a falta de controle da burocracia que administra imensos territórios, só seria menos interessante talvez para entidades desportivas e suas roubalheiras nos seus campeonatos mundiais. A FIFA, por exemplo, nem pensaria em fazer uma Copa do Mundo num País pequeno sem a participação de um grande governo centralizador, não teriam interesse, pois não seria lucrativa. Nenhum País pequeno seria idiota como o nosso de, ao invés de investir em infraestrutura, colocar dinheiro na construção e reforma de 12 majestosos estádios de futebol e ainda, como tudo, superfaturados.
Para quem tem uma postura ditatorial e gosta de ameaçar aos que defendem a liberdade, aqui vai alguns números de nações que também foram ameaçadas de guerra, tiveram que enfrentar constituições ditatoriais e políticos que perderiam poder na descentralização:
Ao final da Primeira Guerra Mundial (1918), início do século 20, existia 57 nações neste planeta.
Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, em 1945, já existiam 74 países independentes.
Atualmente a ONU cadastra 192 países membros. Mas conforme o critério utilizado pode chegar a 206 países.
NENHUM quer voltar a ser grande.
Imaginem o Uruguai, por exemplo, que não vai bem economicamente, se tivesse que voltar a ser brasileiro. Teriam que dobrar seus impostos para simplesmente ajudar a sustentar Brasília, assim como nós tínhamos que pagar para Lisboa.
Duas coisas que podem prejudicar o movimento separatista:
A primeira é que se trata de um movimento APARTIDÁRIO, o único interesse é buscar a auto determinação do povo como prevista na carta das Nações Unidas. Se alguém estiver querendo entrar neste movimento por algum ressentimento eleitoral é melhor que não o faça se for movido somente por isto. Seria um desserviço ao movimento.
Outra são pessoas com boa vontade, mas desinformadas, que estão chegando sem condições de dialogar sobre o separatismo, já que envolve política, economia, segurança e muitas reformas. O ideal é que houvesse mais interesse em estudar as causas, vantagens e desvantagens para poderem discutir com propriedade o movimento. Mas isto é simples de se enfrentar, basta disponibilizar mais informações a respeito.
O que se espera é que o espirito revolucionário, que sempre foi tão presente na história do povo sulino, não volte a ser de súditos com comportamento bovino, típico de Colônia (que é o que fato somos), para continuarmos a manter e sustentar uma Ilha de fantasias bem no meio do Brasil.
Que continuemos a busca pela nossa independência para podermos deixar uma nação de verdade para nossos filhos e todas as futuras gerações.
Mas se estiveres na dúvida sobre se libertar ou não, faça para si mesmo essa pergunta:
Porque devemos sustentar Brasília ou um Governo Federal?
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