Carlos Mello
18/12/2013 | NATAL. Noite da hipocrisia
Normalmente as festas tem um motivo que varia desde o afetivo, religioso, militar, uma data nacional, etc, que são mantidos e insuflados pelo interesse comercial, praticamente todas as festas são assim. Mas o natal, que é a maior festa comercial do ano, tem um diferencial: É TUDO FALSO. É uma época em que a hipocrisia cresce exponencialmente e muito rápido em tão pouco espaço de tempo.
Começa pelo motivo religioso. As pessoas, que gostam de adorar alguma divindade, sempre tiveram uma predileção por esta data e nem sabem a sua origem, ela deriva de uma festa pagã conhecida por Saturnália, em honra a Saturno, que era o Deus todo poderoso da época, isto há mais de 200 anos antes do atual todo poderoso do cristianismo que é Jesus Cristo.
Num passado, mais distante ainda, esta data festejou o nascimento de outros deuses como Tamuz, Deus da Suméria; Horus, Deus egípcio do Sol; Mitra; Átis; Buda; Hércules; Krishna; etc. Todos nascidos coincidentemente em 25 de Dezembro e de mães virgens, como ridiculamente convêm às divindades.
Fora a falsa data de nascimento do deus cristão, tem:
Algodão imitando neve nas árvores.
O falso Papai Noel com seu tradicional pijama vermelho dizendo ser uma pessoa que não existe, sempre enganando alguma criança.
A falsa felicidade estampada no rosto das propagandas.
As falsas promessas, falsos perdões e falsa ilusão de abundancia de presentes.
A hipocrisia de pessoas se abraçando demonstrando imenso amor e falando em como ajudar os pobres, tipo “Natal sem fome”. “Doe brinquedos”; etc.
As músicas, todas de baixo astral, como a insípida Jingle Bells ou programas jurássicos de fim de ano que parecem terem sido congelados no tempo.
As mensagens de Natal recheadas de clichês, como "Que o espírito do Natal esteja em vossos corações".
Neste dia os orfanatos, asilos e casas de geriatria recebem centenas de presentes, dos filhos e netos carinhosos, todos demonstrando muita solidariedade e um amor inexistente nos outros dias
Na realidade este surto de bondade e solidariedade significa somente ter um ótimo dia 25 de dezembro. Porque já no dia 26 tudo começa a voltar ao normal.
Além da solidariedade transformada em obrigação, onde se comemora para não desapontar a família, esta data escancara a face cruel da desigualdade social onde famílias se sentem impotentes frente às insistentes propagandas habilmente estudadas para criar falsas necessidades.
Milhares de pais se sacrificam muito além de suas possibilidades somente para satisfazer uma expectativa forçada, o que é uma maldade para quem tem dificuldades e tem que contentar a ansiedade criada em seus filhos ao enfrentarem uma obrigação desproporcional às suas possibilidades financeiras.
Tem que ser lembrado que, para piorar, o governo também “presenteia” com carnês de dezenas de impostos, como IPVA, IPTU e outros IPalgumacoisa.
Não é à toa que nesta data tem o maior índice de suicídios do mundo.
Se fosse somente uma festa com a intenção de reavivar as utopias da solidariedade e fraternidade usadas para reunir os familiares e terem algumas horas anuais de convívio, onde os presentes fossem obrigatoriamente feitos com criatividade e sem valor comercial seria interessante. Isto sob o ponto de vista de quem tem família.
Mas Natal é uma promoção mercadológica quase obrigatória, onde um presente é uma exigência de demonstração de afetividade e automaticamente está implícito o dever de retribuir, sob pena de sofrer alguma sanção moral ou afetiva, transformando o valor do sentimento ao custo do presente.
Fora esta covarde feição discriminatória, de quem pode sobre os menos favorecidos ser uma falta de humanidade, a exagerada movimentação e o trânsito ficam intensos transformando as cidades em locais de estresse onde o que mais aparece são os sorrisos forçados.
As únicas coisas verdadeiras e sinceras do natal são cartas que algumas crianças escrevem para o Papai Noel fazendo pedidos. São enganadas ao se dirigirem a um ser fictício que nunca irá responder, só ao cresceram que irão se decepcionar ao descobrir o engodo que seus pais ajudaram a criar.
Tudo que acham bom no Natal, incluindo a solidariedade, os panetones, as comilanças e 13º Salários, poderia ser bem melhor se distribuídos igualitariamente por todos os meses do ano.
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