James M. Dressler
29/05/2014 | A novilíngua
Já nos alertava George Orwell, em “1984” (um livro cada vez mais atual, quem ainda não leu, faça esse favor a si mesmo!), que você começa a cooptar mentes mudando o sentido das palavras e introduzindo novas, e uma vez que as pessoas comecem a assimilar tais mudanças, elas são capazes de mudar de opinião de tal forma, que passam até a aceitar e defender ideias contrárias até as suas próprias originais.
Os ideólogos de esquerda são mestres na tática. No Brasil, do final da década de 80 para cá, fomos inundados por uma série de expressões como “precisamos construir uma solução” (o sujeito queria elaborar um projeto), “essa solução dialoga com o conjunto da sociedade” (o sujeito falava de um viaduto), “precisamos de um debate mais qualificado” (todo mundo tem que ser de esquerda e pensar da mesma forma), “mecanismos de transferência de renda” (vão tirar do teu salário para dar para quem não trabalha), “malfeitos” (crime de um sujeito de esquerda e que apoia o governo), “resgate da cidadania” (reclame bastante por direitos, mas só se o governo não for o nosso, senão fique quieto e agradeça pelo que já fizemos, quando nos elegemos a cidadania já foi “resgatada”) e “orçamento participativo” (vamos subverter a democracia representativa com a nossa militância), entre muitas outras. Sem falar naquela troca de palavras “desgastadas” e “estigmatizadas” por outras novas (que em uma ou duas gerações estarão também), te fazendo parecer antiquado, atrasado, preconceituoso... E claro, junto com as novas palavras, colocam novas ideias, muitas vezes absurdas, que vão contra o bom senso, mas como as palavras são novas, desarmam as defesas que já temos preparadas para ideias disparatadas.
Eles são tão bons nisso, que há uns anos atrás eu estava ouvindo uma entrevista de um notório político daquele partido que sempre está apoiando quem vence as eleições, e pensei comigo mesmo: “mas esse é o sujeito mais esquerdista que eu já ouvi, ele é até meio clichê, quase uma caricatura!”, e para a minha surpresa, ele não era dos clássicos partidos de esquerda, e mais que isso, era tido por todos como um sujeito de “centro-direita”! Mas já estava totalmente contaminado e nem percebia, ele já era mais de esquerda que qualquer outro político e defendia todo o ideário esquerdista, sem talvez perceber.
Então, muito cuidado com o que você ouve, com o que você fala e como fala, pois subliminarmente, à medida que você assimila uma nova linguagem (a novilíngua) e a replica, você valida para os demais as ideias de quem a introduziu, ao mesmo tempo em que vão lhe introjetando no cérebro ideias que muitas vezes são contrárias ao seu próprio interesse e à sociedade em geral, mas de muito interesse a quem quer tomar o poder e ficar encastelado lá para sempre.
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