James M. Dressler
06/05/2015 | Reacionários e Conservadores
Poucas palavras são tão usadas como “reacionário” em discussões sobre política. Mas exatamente o que significa ser um reacionário no sentido político da palavra? E um conservador? É o que vamos tentar desvendar neste artigo.
Do ponto de vista geral, aquele do dicionário, reacionário é aquele que reage a alguma coisa. Sendo assim, acho que ninguém poderia deixar de ser chamado de reacionário por qualquer motivo que fosse. Reajo a um assalto? Reacionário! Reajo a uma tentativa de agressão? Reacionário! Reajo a uma advertência no trabalho? Reacionário! Reajo a um elogio? Reacionário!
Obviamente, que no sentido político da palavra, ser um reacionário não tem absolutamente nada a ver com isso. Mesmo assim, o sentido da palavra não é bem claro. Há muitas pessoas que confundem o termo “reacionário” com “conservador”. Embora “conservador” possa ser relacionado a qualquer um que queira conservar alguma coisa, em política, o termo “conservador” está diretamente relacionado com a direita, envolvendo todo um contexto pejorativo, de pessoas que seriam contrárias a tudo que é bom, justo e “progressista”.
Conservador é aquele que, ao invés de pregar mudanças abruptas da lei e ordem, acha mais prudente que as mudanças aconteçam aos poucos, testadas em ambientes relativamente controlados e só depois de aprovadas passarem a ter uma adoção mais geral. Ou seja, mudanças pequenas, ao longo do tempo, de forma a preservar o que já se alcançou e aperfeiçoá-lo, diferentemente dos revolucionários, que querem jogar a ordem vigente no lixo e colocar algo diferente no seu lugar, e só aí ver no que vai dar.
Para tentar dissimular esta pretensão, os revolucionários procuram ser esconder sob um termo mais ameno: “progressistas”. Ora, progressista é todo mundo que deseja e trabalha para o progresso, e neste sentido amplo, um conservador é progressista, mas com muita responsabilidade. As piores coisas podem acontecer quando se pratica um “progressismo” de forma irresponsável, principalmente nas contas do Estado. O Rio Grande do Sul está aí para provar. Mas o termo “progressismo” também já serviu (hoje nem tanto) para abrigar políticos outrora de direita, tentando mover-se para um espectro político mais de centro, já que a direita esteve em baixa por um longo período no Brasil, e em termos, ainda está. O brasileiro é, em geral, conservador nos costumes, mas francamente de esquerda na política e na economia. E não creio que vá mudar tão cedo.
Mas um reacionário não necessariamente é ou foi um conservador, nem mesmo um reacionário é necessariamente de direita. Um reacionário, no sentido político da palavra, é alguém que anseia em voltar a um passado político em que julga que tudo era melhor que a situação atual. Um reacionário comum no Brasil é aquele em que sonha com a volta da ditadura militar porque lá, para ele, tudo era melhor: havia mais segurança, mais crescimento, etc. Nem entro no mérito se era assim mesmo, mas o reacionário sonha que era, ele acredita que era, mesmo que não fosse. Já na Rússia, um reacionário comum é o que sonha com a volta da URSS, do tempo em que a Rússia rivalizava com os Estados Unidos, em que o comunismo reinava, ah! Como era bom o comunismo. O reacionário é assim mesmo: pode delirar acordado.
E ainda temos o liberal-conservador, que nada mais é alguém que abraça o conservadorismo, como o descrevemos, no âmbito social e político, mas também abraça as idéias liberais em economia: a defesa do mercado e da livre iniciativa. O liberal-conservador busca o equilibro entre o que o Estado deve e pode fazer, mas sabendo que há coisas que o Estado não pode e nem deve fazer, principalmente na economia, ao contrário do socialista, para quem o Estado pode tudo e tudo deve fazer.
E então, onde você se encaixa nestas definições?
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