James M. Dressler
23/10/2014 | Estado Gigante: Quem Deve Pagar a Conta?
Uma das coisas mais divertidas sobre a Economia, é que normalmente as coisas nunca são tão simples quanto parecem, e o normal é encontrar soluções fáceis e erradas para problemas complexos.
O Estado Brasileiro é gigante, só tende a crescer ainda mais, basta ouvirmos a propaganda de qualquer candidato à presidência. Todos prometem ampliar os extensos programas já existentes, o que obviamente acarretará um aumento das despesas significativo.
Mas até onde este agigantamento do Estado afeta a economia brasileira? Até que ponto isso é prejudicial ao país, e se a opção é mesmo por um Estado deste tamanho, sobre quem deve recair a conta a ser paga, para que o país não afunde ainda mais no baixo crescimento econômico?
Primeiro, precisamos lembrar que ainda somos um país capitalista e, portanto, sem capital, não há progresso, não se produzirão produtos e serviços de qualidade em quantidades cada vez maiores. Capital, no contexto que estamos aqui, significa os ativos de empresas e indústrias, são as máquinas, ferramentas e equipamentos utilizadas por elas para produzir produtos ou prestar serviços. Quanto mais capital as empresas tiverem, melhores produtos e serviços poderão ser produzidos ou prestados.
Mas como se forma o capital das empresas? Bem, antes delas formarem este capital, é preciso haver poupança, o acúmulo de capital pela simples abstenção do consumo por parte da população. O que é poupado estará disponível, através do sistema bancário, para ser emprestado para empresas que querem investir na produção de novos bens e serviços.
Tudo parece muito lógico, mas há um agente que atrapalha este processo. É o governo. Com a sua gastança, seja em obras ou salários para funcionários públicos, o governo impede a formação de capital, pois ele mesmo é um grande consumidor ou estimulador do consumo, através dos salários que paga. Ao cobrar impostos, o governo também retira dinheiro que o contribuinte poderia poupar, e os usa para financiar seus gastos. Se pegar empréstimos, emitindo títulos públicos, o mesmo efeito ocorrerá. Ou seja, das três mais comuns atividades de um governo, todas elas são nocivas à formação de capital e por conseguinte, ao progresso!
Quais as diretivas, então, que deveriam orientar um governo para realmente estimular o progresso? Não gastar mais do que arrecada, mas mantendo impostos baixos (lá pelos 20% do PIB, no máximo), o que também implica em gastos mais modestos. E agora o mais desconcertante: que os impostos que cobra não recaiam sobre os mais ricos e sobre a renda. Por quê? Ora, se o progresso depende principalmente da acumulação de capital, quem pode acumulá-lo em maior quantidade? E de onde a poupança se forma, senão da renda? Taxar com impostos mais altos os ricos e a renda, no longo prazo, é extremamente nocivo justamente aos mais pobres, que serão prejudicados pelo baixo crescimento, recebendo salários mais baixos ou ficando desempregados.
Olhando dentro dessa perspectiva bastante lógica, fica claro que para sustentar um estado gastador e endividado, a alta carga tributária necessária deve se concentrar exatamente em cima dos mais pobres, porque esta é a única maneira de ainda haver algum acúmulo de capital que permita que o Capitalismo funcione e que ainda assim haja algum crescimento econômico.
Percebem agora por que o mais lógico é justamente o inverso do que se faz no Brasil, e por que aqueles que acenam com bondades sem fim são justamente aqueles que nos condenam ao eterno subdesenvolvimento? É a turma que apresenta a solução fácil e errada para um problema complexo. Ah, e quando tudo der errado, porque não tem como dar certo, eles se apresentarão como os salvadores da pátria, culpando o “mercado insensível” de todos os males que eles mesmos criaram.
Pois é.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador