James M. Dressler
12/10/2016 | Disruptivas
Os últimos vinte anos estão se caracterizando pelo surgimento de diversas tecnologias disruptivas que já mudaram ou ainda mudarão nossas vidas e a forma como vivemos e trabalhamos para sempre. Mas o que é disrupção?
Disrupção é quando há uma quebra no sentido evolucionário de algum processo ou até mesmo revolucionário de realizá-lo. Simplesmente o processo antigo entra em decadência ou até deixa de existir e é substituído por um novo processo completamente diferente. Há inúmeros exemplo dessa disrupção atualmente, talvez uma das mais conhecidas por todos seja a relação táxi/Uber.
Este fenômeno da disrupção explodiu nos últimos vinte anos com a popularização da internet e o advento da World Wide Web, depois com o boom dos sites por todo o planeta, o comércio e o sistema bancário eletrônico e mais recentemente o advento das redes sociais. Mas ele começou algumas décadas antes.
Primeiro, na década de 60 com o advento dos grandes computadores, os mainframes, que se popularizaram entre as grandes corporações e começaram a automação e sistematização de tarefas, permitindo a acumulação, pesquisa e consolidação rápida da informação. Uma década depois, surgiu o computador pessoal, trazendo os mesmos benefícios para as pequenas e microempresas, para os profissionais liberais e para o usuário doméstico, o que só fez expandir nas duas décadas seguintes, tornando o computador mais barato e acessível a praticamente qualquer um.
Lembro bem do início da década de 80, quando mainframes e minicomputadores tinham um custo proibitivo para a maioria das empresas, na casa das centenas de milhares de dólares (mainframes) ou mesmo dezenas (os mini e microcomputadores). Devemos agradecer a Steve Jobs e Bill Gates e a suas empresas este barateamento dos computadores. Foi principalmente a popularização dos PCs, com hardwares e softwares a cada geração mais poderosos e a preços populares, que tornaram a computação algo de acesso praticamente universal.
E depois dessa evolução toda, veio o smartphone, o computador de bolso, que deu mobilidade à computação, tornando-a onipresente, em todo esplendor de sua tecnologia, sejam o Google sempre nos dando a resposta no momento que precisamos, os diversos aplicativos nos colocando em contato direto com os produtores de bens e serviços, ou as redes sociais nos colocando em contato direto com nossos amigos e familiares, não importando o quão distante fisicamente estejam.
É a completa disrupção com o mundo da década de 90, por exemplo. Muitas coisas ainda irão mudar e numa velocidade cada vez mais rápida. Profissões desaparecerão nos próximos anos, outras mudarão completamente em sua forma de exercê-las, e outras surgirão.
E por tocar no assunto, mais uma vez, para não me surpreender, deparei-me esta semana com a seguinte pérola da nossa “constituição cidadã”:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
Nosso país é realmente sui generis: ao invés de incentivar o progresso, a libertação das tarefas tediosas e repetitivas, e a evolução profissional dos trabalhadores para se ocuparem com trabalhos mais avançados, faz exatamente o contrário. Quando digo que dificilmente o Brasil será líder em inovação em qualquer campo que seja, me chamam de pessimista... Imagine o efeito deste artigo quando daqui alguns poucos anos, veículos não mais precisarem de motorista para guiá-los. O mundo inteiro adotando estes veículos, mas aqui, protegidos da “automação”, continuaremos tendo motoristas profissionais? Não é preciso muito para imaginar outras situações semelhantes...
É sempre bom ficar de olhos bem abertos porque, cada vez mais, nada será como antes, amanhã. Nossa constituição querendo ou não.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador