James M. Dressler
01/02/2017 | O Futuro do Automóvel
Há uma série de transformações em andamento que irão mudar nossa relação com os automóveis para sempre, e não só com eles, mas com tudo que gira em torno deste ícone da civilização moderna.
A primeira transformação é o surgimento do carro elétrico, não mais como uma curiosidade, mas como uma realidade que já está acessível às massas. Nos Estados Unidos, o totalmente elétrico Chevrolet Bolt está à venda em todos cinquenta estados americanos. Seguir-se-ão a ele carros de todas as marcas totalmente elétricos, num prazo curtíssimo.
A primeira coisa que se fará necessária, dado que estes veículos precisam de algumas horas de recarga, é que residências e edifícios residenciais disponibilizem as tomadas apropriadas para tal fim. Isso demandará grandes reformas elétricas, principalmente em edifícios, disponibilizando tomadas em cada box para estacionamento de veículos. Por outro lado, à medida que os carros elétricos forem ganhando espaço, a necessidade de postos de combustíveis diminuirá drasticamente, contrastando com a demanda que será crescente por energia elétrica. Imagine quando esta onda chegar aqui em Porto Alegre, os “pequenos” problemas que teremos com a nossa estatal de energia...
Além disso, hoje temos um enorme número de mecânicas de automóveis, cuja maior atividade está relacionada à manutenção dos complexos motores à combustão. Os motores elétricos são muito mais simples e mais confiáveis, precisam de manutenção muito menor, portanto sua ascensão decretará uma mudança bastante grande no movimento de clientes nas oficinas e concessionárias, provavelmente reduzindo a demanda por serviços.
A segunda transformação é o carro autônomo. Elon Musk, dono da americana Tesla Motors, promete, para ainda este ano (no máximo em seis meses, segundo ele), o primeiro automóvel Tesla que dispensará totalmente um motorista. Mesmo que não seja verdade, que ainda haja restrições, isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde, e se não for em 2017, será em 2018 ou 2019.
A partir daí, uma vez consolidada a tecnologia, uma vez provado que é mais eficiente que o próprio ser humano dirigindo, não demorará muito para que dirigir um carro autônomo seja proibido, ou até indo um pouco mais longe, os carros no futuro nem nos deixarão alguma alternativa para fazê-lo, simplesmente nem terão um volante para tal (de quebra extinguindo a profissão de motorista em poucos anos). E uma vez que isso aconteça, ter um automóvel deixará de representar aquilo que hoje representa, um símbolo de status, uma extensão do corpo humano, onde imprimimos ao volante um pouco de nossa personalidade. E talvez isso diminua o interesse das pessoas, principalmente homens, de ter seu próprio carro.
A terceira transformação é o crescente desinteresse das novas gerações por ter seu próprio veículo, tendência que se nota principalmente em países mais desenvolvidos, o que se soma a ideia já mencionada de que carros autônomos tirarão o prazer de dirigir e o interesse em ter um a sua disposição na garagem.
Acredito que isso vá influenciar a construção civil, daqui alguns anos, criando moradias impensáveis até alguns anos atrás: casas e apartamentos sem espaço para estacionar automóveis, sem os tradicionais boxes ou garagens. Possivelmente os imóveis de maior valor e luxo ainda os terão, mas é bem provável que haverá imóveis para classe média já sem este item atualmente indispensável.
Para os governos, a diminuição do mercado de automóveis particulares e o surgimento dos carros autônomos, que não infringem regras de trânsito, gerará uma queda na arrecadação de impostos e multas, mas provavelmente uma redução de custos médicos e hospitalares com acidentes e assistência as suas vítimas.
Todas estas transformações estão aí, batendo às nossas portas. Quanto tempo levarão para chegar ao Brasil? Não sei, mas não mais que uma década depois de estarem consolidadas no primeiro mundo, serão uma realidade por aqui também. Preparem-se.
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