James M. Dressler
21/08/2014 | Política e empregos
Imagine que o Estado sempre desse uma mãozinha para empresas que estivessem em má situação financeira porque, afinal, precisamos “preservar os empregos”. Imagine que sempre desse “estímulos para o mercado” de produtos fabricados por algum setor que seria “indutor do crescimento” ou “gerasse empregos”, ou qualquer outra desculpa que ouvimos freqüentemente, anunciada com pompa e circunstância pelos governos de plantão, em todas esferas possíveis.
A pergunta que fica é: isso realmente traz os benefícios que são alardeados? A resposta é mais complicada que parece. Na minha opinião, depende de onde se quer chegar no médio e longo prazo.
Salvar ou ajudar empresas em má situação é premiar quem foi incompetente e sinalizar às demais empresas que participam do mesmo mercado que amanhã ou depois, podem cometer os mesmos erros que terão ajuda também. “Preservar empregos”, neste caso, é absolutamente contraproducente, pois a ineficiência que continuará em ação com a permanência da empresa acabará sendo mais maléfica para a sociedade do que uma eventual falência. Para a recuperação de empresas falidas já existem mecanismos previstos em lei e o Estado jamais deveria usar dinheiro público nestes casos.
Porém, se examinarmos mais profundamente, além de uma eventual má-gestão financeira da empresa, o Estado normalmente acaba contribuindo para a falta de agilidade da gestão empresarial. Além da nossa elevada carga tributária, ele regulamenta demais as relações de trabalho, engessando a dispensa e contratação de empregados, e o resultado é que demitir um empregado acaba custando muito caro que em outros países. Sem este alto custo, quando o empresário sentisse que a situação pudesse ser perigosa para a empresa, não tendo outra alternativa, poderia demitir com o menor custo possível alguns empregados, preservando os empregos restantes. Por outro lado e pelo mesmo motivo, outras empresas do mesmo setor, concorrentes, poderiam contratá-los e aproveitar o conhecimento agregado que eles incorporariam à empresa. Como nada disso acontece, a falta dessa fluidez da mão-de-obra gera um prejuízo para a economia do País devido a ineficiência e falta de dinâmica na produção de bens e serviços.
E cabe sempre lembrar: para os eventuais casos em que um trabalhador desempregado tivesse dificuldade para se recolocar, já temos o salário-desemprego.
Então, por que agir de um modo e não de outro? Porque os resultados do comportamento salvacionista são muito mais facilmente compreendidos pela população e geram um efeito imediato muito visível, que se traduzem em votos nas eleições. Deixar o mercado de trabalho mais livre simplesmente tira o foco da figura do político desta equação, o que obviamente não vai ter o mesmo efeito numa eleição vindoura, embora para a sociedade os efeitos sejam muito melhores.
Fica minha recomendação aos leitores que atentem para estes pequenos fatores no momento da eleição que se aproxima, pois são alguns deles que nos diferenciam dos países já desenvolvidos, fazendo com que penemos com taxas de crescimento do PIB nanicas.
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