James M. Dressler
02/10/2014 | Pagar Para Ver?
No próximo domingo estaremos mais uma vez em frente à urna para mais uma eleição de nossos representantes, momento em que sufragamos votos que, espera-se, tenham sido muito bem pensados nas semanas anteriores.
Não é novidade para ninguém, de alguns anos para cá, as más notícias na economia, como o crescimento baixo do PIB e a inflação consistentemente batendo no teto da meta. Uma meta que por si só já é uma meta muito alta, 4,5%, enquanto a maioria dos países, inclusive na própria América Latina, andam com uma inflação de 2 a 3% ao ano.
Também não é novidade que foi no último mandato presidencial que houve esta deterioração do quadro econômico, justamente no mandato da presidente que também é economista. Quando o presidente era um metalúrgico, talvez por não ter a pretensão de entender do assunto, deixou para alguém que soubesse mais a condução da política econômica.
Não dá para deixar de reconhecer também que, apesar da crise econômica mundial, a população passou sem maiores percalços a última década, principalmente devido ao colchão de proteção criado na década de 90 e mantido até 2010. Deste ano em diante, mesmo que minimizado o efeito no bolso do pobre, devido aos aumentos no salário mínimo acima da inflação, começou a haver algum estrago no bolso da classe média. Até onde estes aumentos, sem o correspondente aumento de produtividade do trabalhador, estão relacionados com as dificuldades econômicas atuais, só o futuro vai deixar mais claro.
O que decidiremos (ou começaremos a decidir) no dia 5 de outubro é se vamos acreditar naqueles que dizem que os índices econômicos estão deteriorados, que há reajustes de preços represados nos últimos anos e que terão ser muito acima da inflação (energia elétrica e combustíveis, principalmente) e que há a necessidade urgente da implementação das reformas engavetadas desde 2003, como as da previdência e trabalhista, ou se, ao contrário, pagaremos para ver, acreditando no governo atual que garante que está tudo sob controle, que a inflação está caindo, que os reajustes serão pequenos e que na realidade, devemos aumentar os direitos trabalhistas e não tocar no assunto desagradável da previdência.
No final das contas, são essas as duas visões que se contrapõem nesta eleição presidencial. Parece cada vez mais claro que o eleitor vota primeiro considerando o seu bolso e o que pode afetá-lo, depois pensa no resto: corrupção, desmandos, desvios, obras que não se realizam, etc. É uma decisão difícil, dada o baixo nível de informação do eleitorado brasileiro. Lamentável, porque a aposta errada pode levar a uma austeridade que agora não seria necessária, ou a deixar de fazer o que precisa ser feito já, comprometendo o futuro, talvez por décadas.
Com a palavra o eleitor.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador