James M. Dressler
11/12/2014 | The Walking Dead
Lembrei da famosa série de TV depois de mais um golpe, a meu ver fatal, que o Plano Real levou com a aprovação do fim da exigência do superávit primário na Lei de Responsabilidade Fiscal. Ainda cambaleando, mas já morto, ele vaga como os zumbis da série, à espera pelos golpes finais que o desintegrarão por completo, reduzindo-o a apenas uma lembrança do passado.
Os mais valentes já começam a se aproximar dele, mirando sua ferida mais exposta, a agora chamada Lei de Irresponsabilidade Fiscal, sedentos para desferir as últimas estocadas que o farão tombar para sempre. Governadores já tentam aprovar novas leis que também os desobriguem de manter a sanidade das contas públicas, acenando com rombos milionários a serem cobertos sabe-se lá como. Quem sabe voltam com a emissão desenfreada de dinheiro, como nos velhos tempos pré-Real? Muita gente, há mais de década instalada no governo federal, tem muita saudade daquela época.
E não nos faltam também os porta-vozes do atual governo para nos alertar que, se a lei não fosse alterada para permitir o estrondoso déficit, o desemprego aumentaria, salários não seriam pagos, quem sabe até a comida desaparecesse do prato do povo, como naquela propaganda que vimos durante a campanha eleitoral. Lembram? Aquela que nos garantia que, se a oposição vencesse, um banqueiro seria nomeado para controlar a economia, um sujeito sádico que elevaria a taxa de juros só para ver o povo passar fome enquanto aumentariam os lucros do sistema financeiro.
Nem vou comentar sobre o efeito da elevação da taxa de juros perpetrado recentemente pelo próprio governo (que tem a “força do povo”), nem de que a alteração na lei para permitir o déficit fiscal também evitou um crime de responsabilidade da presidenta. Fico só pensando o quanto então faltou de comida no prato nos anos anteriores em que o superávit foi gerado, e o quanto mais faltará em 2015, quando a nova (e “malvada”) equipe econômica já prometeu um superávit de 1,2% do PIB combinado com um crescimento do mesmo PIB de apenas 0,8%! Me pergunto também por que nenhum repórter faz pergunta semelhante aos apoiadores do governo quando eles dizem nos microfones que não há superávit este ano para não sacrificar o povo. Imagino então como deve ser bom ter o controle de muitas verbas publicitárias do governo e de estatais para constranger a imprensa à não fazer perguntas inconvenientes...
Enquanto isso, segue nosso Zumbi Real, vagando pelo país, prestes a cair duro e ser varrido para sempre de nossa memória pelos ventos do populismo desavergonhado.
Já deixo meu adeus a ele. Morreu ainda jovem, uma pena. Vou sentir saudades.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador