James M. Dressler
11/01/2016 | Argentina
Com a ascensão de Mauricio Macri à presidência da Argentina, chegou ao fim o período de doze anos de kirchnerismo, e com ele vai embora também o populismo que marcou o período. E Macri está mudando a Argentina, talvez mostrando um caminho que o Brasil devesse seguir para sair do atoleiro em que ele mesmo se colocou. Vamos tentar alinhar as principais mudanças que Macri está introduzindo no país vizinho.
A primeira mudança foi terminar com o controle cambial, o “curralito” que impedia a livre negociação do dólar na Argentina, na tentativa insana de evitar a desvalorização do peso, em vigência desde 2011. A consequência imediata foi a queda do peso frente à moeda americana, em torno de 30% (contida pelo aumento das taxas de juros até a normalização do mercado), empobrecendo os argentinos em geral num primeiro momento, mas que tornará seus produtos de exportação mais baratos e principalmente atrairá investidores para a Argentina. O resultado será muito positivo para o país no médio e longo prazo, não pela desvalorização, mas sim pela liberdade de negociar o dólar.
Macri também aboliu taxas e cotas de exportação, mantendo apenas sobre a soja, reduzida de 35% para 30%. Em mais uma medida populista, governos anteriores haviam imposto tais taxas e cotas para favorecer o mercado interno, aumentando a oferta de produtos dentro da Argentina, mas obviamente, com o mercado reduzido tanto em número quanto poder aquisitivo, o interesse em produzir diminuiu e a produção caiu. Com o fim destas medidas, haverá impulso na agricultura e na indústria, com aumento da produção e geração de mais empregos.
Macri também sabe que de nada adianta tentar controlar preços por tabelas e decretos (como fizemos na época do governo Sarney e no primeiro mandato de Dilma), pois os preços ficam defasados, represados, e chega um momento em que ou o produtor quebra, ou se tem que fazer um reajuste tão grande que impacta negativamente e confunde toda a economia. Por isso, o novo presidente argentino já se comprometeu e está reduzindo acordos setoriais para congelamento de preços, deixando que eles aos poucos voltem a ser livres.
Por falar em preços, lembremo-nos dos índices econômicos, principalmente de inflação, durante anos manipulados pelo kirchnerismo, problema que Macri também já prometeu corrigir, reestruturando o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC), o IBGE deles, que terá de ser completamente desaparelhado para produzir novamente índices confiáveis.
Macri também revisará as contratações de funcionários públicos durante o kirchnerismo, mais de 120 mil em 12 anos, que incharam a máquina pública em mais de 50%, fazendo o estado pesar demais sobre uma economia enfraquecida. É o tipo de coisa impensável aqui no Brasil, dado o arcabouço jurídico que protege o funcionalismo em todos os níveis. Mas que seria bom poder fazer o mesmo...
E finalmente Macri irá atrás de acordos de livre comércio internacionais, seja através do MERCOSUL, influenciando seus parceiros no bloco, seja procurando novos acordos bilaterais envolvendo apenas seu país e grandes potências. Sabe que não pode ficar parado enquanto o resto do mundo caminha neste sentido.
É bom ver “los hermanos” se livrando do populismo que afundou o país na última década. Resta saber se será o suficiente para inspirar os brasileiros a seguir o mesmo caminho.
Compartilhe
- Dia de Santa Adelaide
- Dia de São José Moscati
- Dia do Butantã
- Dia do Reservista
- Dia do Síndico - Porto Alegre
- Dia do Teatro Amador