James M. Dressler
18/12/2017 | Nova Grécia
E contrariando a expectativa de muitos, incluindo a minha, de que o Brasil cairia na real e aprovaria algum tipo de reforma da Previdência ainda em 2017, escolhemos, mais uma vez, flertar com a volta do caos econômico. E agora?
Virou lugar comum falar em que não existe almoço-grátis, uma forma diferente de dizer que sempre que alguém está ganhando sem trabalhar, alguém outro está trabalhando sem receber (ou alguém, normalmente o governo, está lhe confiscando boa parte do que ganha). Neste ponto, o caso da Previdência é emblemático. Aposentados, principalmente do funcionalismo público, mas também da iniciativa privada, que não contribuíram o suficiente para sustentar as dezenas de anos que passaram e passarão aposentados, tem suas aposentadorias mantidas via impostos tomados dos que ainda trabalham, não apenas pelas contribuições para a Previdência. O contribuinte jura estar contribuindo para a construção de escolas, hospitais, estradas e outras obras de infraestrutura de utilidade pública, mas na realidade, 55% de tudo lhe é tomado sob esta promessa é utilizado para pagar aposentadorias. Numa taxa que cresce até 4% ao ano, o percentual de receitas da União utilizado com esta finalidade acabará em 100% em pouco mais de 10 anos. Resumindo: não haverá dinheiro para mais nada, apenas para pagar aposentadorias e, pior ainda, para muita gente que ainda está apta para continuar trabalhando.
Evidentemente isso trará consequências trágicas para a população. Você acha que a saúde é um caos hoje? Imagine quando o dinheiro destinado para ela for zero! As escolas são desaparelhadas e estão caindo aos pedaços? Você não viu nada. Os bandidos tomaram conta porque a polícia não tem sequer balas para municiar suas armas? Imagine quando este for o menor dos problemas, e os problemas reais forem salários atrasados e nem ter armas para carregar. Você depende de aposentadoria do INSS? Acabará tendo ela parcelada como seus colegas dos estados gaúcho e fluminense. E independentemente de ser do regime geral (empregados da iniciativa privada) ou próprio (funcionalismo público), vai faltar dinheiro para todos. O mesmo acontecerá com o salário do funcionalismo público.
E nos estados e municípios, onde o caos já está instalado ou prestes a se instalar, ele só vai se agravar, pois não havendo uma reforma no âmbito federal, não há como fazê-la nos entes federativos menores. E o caos de hoje será lembrado com saudades, como aquele tempo em que os salários e aposentadorias ainda eram pagos no mesmo mês em que eram devidos, e não três ou quatro meses depois.
Por isso tudo já estou lançando a ideia de renomearmos o país. De Brasil para Nova Grécia, para ficarmos mais de acordo com a realidade que enfrentaremos em breve. Não serão apenas aposentadorias e salários atrasados e o caos na segurança, saúde e educação. Será também a volta dos juros altos, da inflação, do PIB em queda e do crescimento do desemprego.
O Brasil flerta com o perigo. Parece gostar disso. Não vou dizer que seria preciso um desastre para aprender uma lição, pois acabamos de ter a pior crise econômica da história do país por brincadeiras como essa, e parece que não aprendemos nada.
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