James M. Dressler
14/12/2016 | Fim do Mundo
Esta semana passada começou sob a égide do que já se convencionou chamar de “a delação do fim do mundo”, com a finalização das assinaturas dos acordos de delação premiada de diversos executivos da Odebrecht. E os depoimentos devidamente vazados já começaram.
Pelo que já circula por jornais, sites e TV, denúncias de dinheiro vivo para caixa dois de políticos de diversos partidos, inclusive alguns outrora tidos como idôneos. Dado o potencial explosivo, vai sobrar pouca gente que não seja atingida. É tamanho o alcance desta delação premiada, que talvez não sobre nenhum candidato à presidência em 2018 que já tenha concorrido anteriormente ao cargo. Saberemos nos próximos meses.
O que me preocupa mais é que punições teremos para os envolvidos em crimes. Já sabemos que crimes eleitorais, como o caixa dois, raramente dão em alguma punição expressiva. Já corrupção é outro departamento, crime bem mais grave e com punições pesadas. Vamos ver se será possível ao Ministério Público discernir corretamente quem cometeu um ou outro, ou os dois.
O que não pode acontecer é que continuemos com delação premiada em cima de delação premiada, sem que realmente tenhamos muita gente pegando penas pesadas pelos crimes que cometeram. Para o meu gosto, já atingimos o limite de gente delatando, já passamos da hora de ter gente (muita gente) passando longas temporadas na prisão pagando por seus delitos. Espero que a força-tarefa da Lava Jato também pense assim. Até agora, aquele já apontado como o cabeça da quadrilha, continua livre, leve e solto. Até quando?
Não sei o que será do país, mas sinceramente os últimos acontecimentos têm me deixado preocupado. Há uma guerra entre poderes, as instituições já parecem não ter forças para se sustentar diante do comportamento errático de seus membros, e a cada dia que passa parece que o país vai se desmanchando, enquanto precisaria de reformas urgentes que o recolocassem nos trilhos do crescimento econômico novamente.
Rezemos para que a moralizadora PEC 55 consiga ser aprovada esta semana, para termos um ponto de partida para a recuperação do Brasil. Depois dela, também absolutamente necessária, sob pena de não sobrar dinheiro para mais nada a não ser pagamento de aposentadorias, a aprovação da reforma da Previdência. Pessoalmente, acho a reforma insuficiente para evitar uma nova reforma mais adiante, e temo ainda mais que ela seja abrandada no Congresso, preocupado com os votos na próxima eleição e não com a saúde financeira do Brasil.
Esta semana promete. A delação do fim do mundo apenas começou. Ou do início do mundo. Vá saber.
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