James M. Dressler
21/09/2016 | General
Tal qual numa série de suspense, tivemos na semana passada um dos capítulos principais do “enredo” da série “A República de Curitiba”. Como todos nós há muito esperávamos, a eminência parda do petrolão e de outros esquemas de propinas como o eletrolão, o fundolão e sabe-se lá mais quais outros, foi apontado pela equipe de investigadores da Operação Lava Jato. E ora, quem os procuradores apontaram como sendo a única pessoa capaz de controlar todo o esquema? Ele mesmo, o ex-presidente Lula, que se considera o homem mais honesto do Brasil.
Quem acompanhou a ascensão de Lula ao poder, dentro do PT e depois até a presidência do país, sabe que ele sempre foi um centralizador e que nada acontecia no PT sem que ele permitisse ou sem sua ordem expressa. Acho que não surpreende a ninguém de mediana inteligência que os procuradores tenham juntado todos os indícios e provas durante estes mais de dois anos de operação e tenham chegado à conclusão de que seria impossível Lula não só não saber de nada, como também não comandar todo o esquema. Sempre foi algo que muita gente suspeitava e que agora os procuradores terão que provar que é mesmo verdade. E suponho que não teriam sido tão contundentes em sua apresentação, se já não tivessem provas fartas disto.
Vamos aguardar agora o que decidirá o juiz Sérgio Moro, se aceitará a denúncia e abrirá o inquérito contra Lula, tornando-o réu pela segunda vez este ano, ele que já é réu por tentativa de obstrução da justiça no caso de sua nomeação por Dilma para a Casa Civil. É muito provável que sim, e a reação de Lula em seu pronunciamento sobre a denúncia já é um grande indicativo que ele acusou o golpe.
Depois de ser chamado pelos procuradores de general, maestro da orquestra criminosa, fujão, chefe e comandante máximo do esquema, propinocrata e outros adjetivos desabonadores, Lula fez um pronunciamento patético, em que se comparou a Jesus Cristo e Tiradentes, além de ter sido desrespeitoso com os procuradores, ao chamá-los pejorativamente de meninos. Nem tentou defender-se das acusações, apenas repetiu a velha ladainha de sempre, que foi ele e não a volúpia da China por nossas commodities que fez o Brasil ter um salto no PIB na década passada, que ele é que tirou milhões de pessoas da pobreza, esquecendo que criou uma situação artificial e insustentável. No momento em que a China botou o pé no freio, todo aquele castelo de assistencialismo e populismo desabou porque o dinheiro farto havia acabado, e o Brasil não tinha aproveitado a bonança para fazer as reformas estruturais que permitiriam seguir progredindo por conta própria. O resultado destas políticas foi o desastre que estamos vivendo, a maior crise econômica da nossa história, repercutindo até nos governos estaduais. Recuamos uma década em três anos, e levaremos outra década para voltarmos ao ponto em que estávamos, isso se Lula e o PT não impedirem o governo Temer de fazer as reformas que o país necessita, aquelas que Lula e o PT sempre foram contra e fizeram de tudo para postergar, quando oposição, ou simplesmente engavetaram, quando governo. A conta um dia chega e agora já a estamos pagando.
Resta-nos aguardar os próximos capítulos, e acho que é só o começo. Lula foi denunciado por alguns dos crimes que os procuradores já devem ter provas de que ele cometeu. Por tudo que disseram, é evidente que novas denúncias ainda mais graves se seguirão, à medida que Marcelo Odebrecht começar a falar. Quem sabe Marcos Valério também dê sua contribuição.
E lembrem-se que os procuradores também comentaram, durante aquela fatídica apresentação, que o papel de Dilma foi irrelevante no petrolão, assim como também disseram há um ano atrás que Lula não era alvo de investigação da Operação Lava Jato.
Se eu me chamasse Dilma, ficaria preocupado.
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