James M. Dressler
07/10/2015 | Reformas
E a presidenta Dilma anunciou a reforma ministerial tão aguardada, extinguindo alguns ministérios, antes indispensáveis e sinônimos do avanço “democrático” e de “conquistas sociais”, reduzindo os salários dos ministros que sobraram, e de quebra também mandando às favas três mil cargos em comissão, com o singelo objetivo de reduzir despesas e fazer o estado brasileiro caber dentro de nossa cruel carga tributária. Diria que é como tentar matar um leão com uma pistola d’água.
Apesar de institucionalmente dar um aparente sinal para a sociedade de que algo está sendo feito para realmente diminuir o tamanho do Estado brasileiro, na prática isso, em termos de valores, é insignificante. O objetivo de tal reforma é outro, é vencer a votação de um possível impeachment que se aproxima. Mas é, de qualquer forma, é bom que seja feito. O problema é que está longe de ser o suficiente em termos de corte de gastos. Há reformas muito mais importantes que precisam ser feitas, que realmente consomem o produto interno bruto (PIB) nacional e que nos impedem de tornar o país mais próspero.
A começar pela reforma da previdência, que no modelo atual, não me canso de repetir, não passa de um esquema de Ponzi, mais conhecido popularmente por uma “pirâmide”. Só não acaba em cadeia para quem o dirige porque é o próprio estado brasileiro que o mantém. Fosse eu ou você, estaríamos presos e condenados à prisão e danação eterna por enganar nossas vítimas.
A situação da previdência brasileira é tão crítica que, tendo apenas 7% da população com mais de 65 anos, já gastamos 12% do PIB com aposentadorias. Países como a Alemanha, com uma população muito mais idosa que a brasileira (20% tem mais de 65 anos) gasta menos, apenas 11%. O Chile gasta apenas 3%, mas fez uma reforma previdenciária que evitamos fazer. Imaginem agora com a desaposentação e o fim do fator previdenciário, esta conta vai piorar ainda mais. Ao invés de caminharmos em direção à solução, caminhamos no sentido do aprofundamento do caos, atrás de uma suposta “justiça social” que na realidade é uma injustiça que compromete o futuro do país, ou mais claramente, de nossos descendentes.
A reforma da previdência é a mãe de todas as reformas, e enquanto ela não sair do papel, já valendo inclusive para quem está no mercado de trabalho e ainda está por se aposentar, nosso futuro é sombrio. É preciso abandonar a antiga ideia de que aposentadoria custeada pelo estado é como umas férias eternas enquanto ainda podemos aproveitar a vida. Esta ideia não cabe mais no mundo atual, exceto se você mesmo é que banca sua aposentadoria contribuindo para um plano privado e individual.
O tempo está passando, o pavio está queimando e fazemos de conta que vai apagar na “hora H”. Não vai. É preciso fazer a reforma hoje para salvar o amanhã.
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