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James M. Dressler
06/07/2016 | O Que Será de Nós?
Enquanto tudo parece tranquilo neste nosso mundo do século XXI, do ponto de vista do acesso à informação e à tecnologia, a cada dia que passa mais disponível e barato, há uma revolução acontecendo bem debaixo de nossos narizes, sem que a maioria tenha sequer começado a perceber o que vem por aí. Do que eu falo? Da inteligência artificial.
Embora o título deste artigo seja propositadamente assustador, não vejo nosso futuro com temor, mas sim como inevitável. O progresso que estamos experimentando nesta última década, nos aproxima cada vez mais do que, séculos atrás, chamaríamos de deuses, tal o domínio que já temos e iremos ampliar sobre tudo que nos cerca, inclusive sobre nós mesmos.
Hoje já temos como realidade objetiva os smartphones que todos carregamos, capazes de nos alertar de uma oportunidade próxima, nos avisar que nosso time de futebol acabou de fazer um gol (e a gente até tinha esquecido que o time estava jogando), ou que está na hora de ir para casa e, como o trânsito está congestionado, ou vamos pela rota alternativa sugerida por ele, ou vamos levar mais tempo do que de costume na volta para casa. Ninguém mais se espanta com esta inteligência externa integrada na nossa vida diária.
Mas está a caminho algo bem mais disruptivo que o smartphone: o carro inteligente que dispensa motorista. Sem dúvida alguma, uma tecnologia muito mais complexa do que a já disponível no smartphone, e que por isso mesmo demorou mais para ser desenvolvida, dadas as necessidades de hardware e software em que ela implica. Mas não se engane: em cinco anos, você poderá comprar um carro destes (ainda que caro), e em dez anos eles serão bastante comuns. E dispensarão que seu proprietário e usuário tenha carteira de motorista. Acredito que em vinte e cinco anos, por questões de segurança, será proibido que um humano dirija um veículo, exceto em casos excepcionais, onde o exame para habilitação será tão rigoroso quanto aquele necessário para portar uma arma. E, claro, algumas profissões serão virtualmente extintas: motorista particular, caminhoneiro e taxista. Comparativamente ao século passado, será uma enorme quebra de paradigma.
E não muito mais adiante, teremos os robôs inteligentes, quase humanos, como assistentes em casa, conversando conosco, fazendo-nos companhia e ajudando nas tarefas domésticas. Eles serão tão inteligentes, baratos, úteis e funcionais, que competirão com vantagem com outros companheiros que temos hoje, os cães e gatos. Talvez não para nós, já acostumados com nossos bichinhos, mas principalmente para as novas gerações que já nascerão acostumados com a existência dos humanoides.
E finalmente, acredito que ainda neste século, teremos o que poderíamos chamar de hubots, robôs que fisicamente serão idênticos a nós, humanos, em que não se poderá distinguir humano de hubot apenas por contato visual. Será aquele momento de singularidade, em que as coisas realmente irão ficar bastante complicadas.
E por que digo isso? Porque a imagem humana é muito forte, nos compele a tratar o outro (humano ou não) como se humano fosse. Imagine então se ele se comporta como um humano, interage conosco, expressa sentimentos, é inteligente. Impossível não passar a vê-lo também como humano, mesmo que não seja biologicamente humano.
E chegaremos àquele ponto onde os hubots ocuparão postos de trabalho, “roubarão” nossos empregos, e com sua evolução, até nos superarão, tanto física quanto intelectualmente. Talvez passemos a identificar que é um hubot justamente porque é muito mais inteligente e forte que nós. É inevitável. Duvido que alguém possa realmente impedir isto de acontecer.
Os desdobramentos imediatos desta singularidade são previsíveis, o que são imprevisíveis são suas consequências para a civilização humana. Serão eles o nosso futuro, os novos humanos? É sobre isto que trata a excelente série sueca “Äkta Människor”, em que, no mundo atual, já temos os hubots vivendo entre nós (foi da série que tirei o termo hubot). Há também uma adaptação americana chamada “Real Humans”, numa tradução literal do título da série sueca, já exibida no Brasil pelo canal HBO Max.
O melhor elogio que posso fazer a esta produção sueca é que é perturbadora. Vale a pena ver.
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