James M. Dressler
30/03/2016 | Crise
Há algum tempo tem-se dito, e o ex-presidente Lula reforçou a ideia na última semana, de que a Operação Lava Jato está causando enorme prejuízo econômico ao país, porque causa uma paralisia no governo e no mercado. Obviamente, isso não passa de uma mistificação, uma tentativa de livrar corruptos da cadeia enterrando as investigações que têm revelado o mundo sombrio da corrupção, que cresceu exponencialmente nesta última década. Nas linhas abaixo, vamos explicar o porquê.
A primeira e grande razão que demonstra a falsidade da culpa da Operação Lava Jato na crise é que a recessão econômica tem origem na má gestão da economia brasileira. Na realidade, é a própria tentativa de geri-la, interferindo nos mecanismos de mercado, que são os únicos que deveriam orientar onde os investimentos deveriam ser feitos, que termina por alocar recursos escassos em negócios de retorno duvidoso. Somem-se a isso os gastos crescentes do governo, seja por inchaço de seus quadros, por programas sociais inviáveis em um país pobre (renda per capita de sete mil dólares), ineficiência, má gestão da máquina pública, greves constantes em todos os setores, insegurança jurídica, corrupção e a notória má política fiscal, e teremos uma boa noção do quadro geral que desemboca na crise.
Adicione a isso o modelo de crescimento econômico baseado na concessão desenfreada de crédito a uma população pobre que não tem condições de arcar com as dívidas contraídas, e teremos o quadro quase completo. O modelo econômico acabou por esgotar-se, como não podia deixar de ser, pois não se baseou no crescimento contínuo e duradouro da renda individual através do trabalho e do aumento de produtividade. À medida que foi acabando a capacidade de endividamento, o modelo parou de funcionar.
Acrescente-se a isso o retorno da inflação, fruto de todos os erros apontados acima, realimentando a desorganização da economia brasileira, e chegaremos mais perto de todas as causas da crise. Não bastasse seu retorno, a frouxidão em enfrentá-la, segundo o “desenvolvimentismo” que norteia a equipe econômica (leia-se Dilma), só faz o quadro piorar. Sim, “faz” e não “fez”, porque o governo continua cometendo os mesmos erros.
Finalmente, o enredo se completa com uma causa antiga do atraso brasileiro: a Constituição de 1988, que infelizmente foi votada antes da queda do muro de Berlim (1989). Se tivesse sido depois, o Brasil seria outro. Ela criou inúmeros direitos, empurrando o estado brasileiro, nos níveis federal, estadual e municipal, a aumentar o gasto público e a tributação para fazer frente às crescentes despesas. E aí é que entra, no meu modo de ver, a grande culpa não só do PT, mas de todos os partidos de esquerda: foi a esquerda que criou uma constituição que pretende acabar com a pobreza redistribuindo riqueza (o produto do trabalho de todos) à força, empobrecendo a todos, ao invés de privilegiar o crescimento, a melhor arma contra a pobreza no médio e longo prazo.
Embora não tenha assinado a Constituição de 1988, o PT acabou por abraçá-la mais tarde, quando o muro de Berlim caiu e ficou claro que o socialismo tinha fracassado. A Constituição era o melhor de socialismo que havia sobrado para defender. E foi através do aumento contínuo do estado, que o PT angariou a simpatia do funcionalismo público em todo o país e acabou por chegar ao poder.
Tudo que aconteceu depois tem origem no que a Constituição de 1988 permitiu e os governos do PT fizeram com prazer. O resultado não poderia ser outro: o desastre, pois desde o início tal modelo já trazia embutida a semente do seu próprio fracasso. Não há como um país pobre (repito: sete mil dólares de renda per capita, enquanto EUA tem cinquenta e quatro mil dólares e Alemanha quarenta e seis mil dólares) criar tantas despesas, taxar de tal forma sua economia e crescer ao mesmo tempo.
Lembrando aquele velho ditado, “o socialismo dura enquanto dura o dinheiro dos outros”. O dinheiro acabou, e é o que estamos assistindo agora.
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